Nesta segunda-feira (2), a Histadrut, maior sindicato de Israel, lançou uma greve com o objetivo de pressionar o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu a concordar com um cessar-fogo na guerra em Gaza. Apesar do esforço, que mobilizou 800 mil israelenses, a greve foi encerrada após uma ordem judicial, e Netanyahu manteve uma postura firme, recusando-se a negociar com o Hamas e criticando os manifestantes.
Mesmo com uma das maiores manifestações de dissidência em tempos de guerra na história de Israel, a situação política não sofreu grandes mudanças. Segundo Ariel Kahana, comentarista do jornal de direita Israel Hayom, “Politicamente, poderia ter sido muito pior para Netanyahu. Parece que a oposição perdeu.”
A greve afetou diversos setores, incluindo escolas, municípios, redes de transporte e hospitais, mas muitos setores foram apenas parcialmente impactados, com algumas autoridades municipais se recusando a participar. Ao contrário de março de 2023, quando protestos em massa levaram Netanyahu a suspender uma reforma judicial controversa, desta vez seu partido, o Likud, manteve a unidade durante a guerra.
Netanyahu, em discurso na noite de segunda-feira, enfatizou a importância da “unidade interna” como condição para a vitória na guerra, criticando os manifestantes que tentavam romper as barreiras policiais em Jerusalém. Ele reafirmou a necessidade de permanecer unido contra um inimigo que, segundo ele, “quer destruir todos nós”.
A resistência de Netanyahu reflete as divisões em Israel sobre as prioridades imediatas do país. Enquanto os manifestantes defendem um cessar-fogo e a libertação dos reféns, mesmo que isso permita ao Hamas sobreviver à guerra, o governo insiste em continuar a ofensiva em Gaza.
A recente descoberta dos corpos de seis reféns israelenses em um túnel em Rafah, no sul de Gaza, aumentou a indignação de muitos israelenses, que acreditam que um cessar-fogo poderia ter salvado vidas. No entanto, Netanyahu se mantém firme, com forte apoio dentro do Likud e aceitação popular para continuar a guerra.
Pesquisas indicam que muitos israelenses acreditam que ainda não é o momento para um acordo, temendo que o Hamas se reagrupasse no enclave palestino. “Queremos que os reféns voltem para casa, mas também queremos nossa segurança”, disse Kahana, refletindo a posição de Netanyahu.
A memória da agitação social de 2023, que enfraqueceu Israel aos olhos de seus inimigos, pode estar influenciando o baixo apoio às atuais manifestações. Como destacou Kahana, “Uma das principais lições das manifestações de 2023 foi que devemos manter a nossa unidade.”