O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sugeriu ao Ministério de Minas e Energia um conjunto de medidas para assegurar o abastecimento de energia no Brasil, diante da seca histórica que o país enfrenta. Entre as propostas mais conhecidas está a possível reintrodução do horário de verão, cujo impacto no consumo de energia é considerado pequeno, mas positivo.
Além dessa medida, o ONS busca alternativas mais robustas. Uma das propostas é flexibilizar a operação de usinas termelétricas, tanto aquelas com contratos fixos quanto plantas que operam independentemente. Isso permitiria acionar termelétricas mais caras e seguras em horários de pico, garantindo a estabilidade do sistema elétrico durante momentos críticos.
O horário de verão, que ainda depende de aprovação do presidente Lula, pode entrar em vigor em novembro, após o segundo turno das eleições, marcado para 27 de outubro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recomendou que mudanças no horário não ocorressem antes das eleições, para evitar complicações no processo de votação.
A maior preocupação do ONS é com os horários de pico, especialmente à tarde e no início da noite, quando há alta demanda por ar-condicionados e a geração de energia por fontes eólicas e solares diminui. Nessas ocasiões, o operador planeja usar a “reserva” operativa do sistema para manter o fornecimento estável.
Outra ação proposta é a importação de energia da Argentina e do Uruguai durante o período seco, aproveitando a oferta disponível desses países. O ONS também sugere a adoção do Programa de Resposta da Demanda, no qual grandes empresas consumidoras de energia podem interromper o consumo em troca de remuneração, contribuindo para a segurança do sistema elétrico.
Essa estratégia de parar o consumo é vista como mais econômica e segura do que acionar fontes de energia mais caras, como as termelétricas a óleo. O ONS estima que o retorno do horário de verão poderia reduzir em até 2GW a demanda durante o pico noturno, uma redução de aproximadamente 2% nesse período.
Outra medida recomendada é manter a vazão reduzida da usina de Porto Primavera, localizada entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, com o objetivo de preservar água até o início da temporada de chuvas. Essa prática foi aplicada durante a crise hídrica de 2021, quando os reservatórios das hidrelétricas atingiram níveis críticos.
Além disso, o ONS já adotou mudanças nos critérios de segurança para a transferência de energia do Nordeste para outras regiões do país, em antecipação a possíveis necessidades.
As preocupações do ONS não se limitam ao ano atual, mas também visam 2025. Projeções indicam que, neste mês, o fluxo de água para geração de energia será inferior a 43% da média histórica, um dos piores índices dos últimos 94 anos. O receio é que, se as chuvas não forem suficientes para recuperar os níveis dos reservatórios, o Brasil possa enfrentar uma nova crise energética no período seco de 2025.
Essas ações são uma tentativa de mitigar o risco de um novo colapso no abastecimento de energia, como ocorreu em crises anteriores, e garantir maior segurança energética nos próximos anos.