O presidenciável Ciro Gomes (PDT) sonhava com o palanque em Minas do amigo e pré-candidato ao governo estadual Alexandre Kalil (PSD) para as eleições 2022, mas o que restou ao pedetista no Estado é a tentativa de um espaço no ninho tucano. Como Kalil e o PSD oficializaram aliança com o PT de Lula, o PDT, agora, tenta compor com o PSDB para assegurar em Minas um palanque a Ciro na disputa presidencial.
Um almoço na casa do deputado federal Mário Heringer (PDT-MG), em Brasília, reuniu em torno do assunto o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), na última quarta-feira.
O anfitrião ofereceu dois pratos aos convidados: bacalhau na brasa e filé-mignon, mas o cardápio principal foi a reaproximação das siglas no Estado.
“Foi uma reunião de reaproximação para discutirmos os pontos em comum”, disse Mário Heringer, confirmando as conversas para uma caminhada conjunta em Minas.
A configuração dessa possível aliança, segundo ele, não foi efetivamente colocada. Uma possibilidade especulada: o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) como candidato ao governo de Minas e os pedetistas ficando com o vice (Miguel Correa ou outro nome) ou o Senado (Duda Salabert) na chapa. Heringer não confirma. “Isso é elucubração da imprensa. Ainda vou conversar com o Miguel sobre o que falamos nesse almoço”, disse o deputado.
O Aparte entrou em contato também com a assessoria de Aécio Neves, que procurou tratar a reunião como corriqueira, dizendo que almoça praticamente todos os dias em Brasília com lideranças partidárias. E preferiu terceirizar as negociações do PSDB com o PDT: “Existem conversas sobre aliança com vários partidos, todas elas conduzidas pelo deputado Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB-MG, e pelo pré-candidato Marcus Pestana”.
A coluna entrou em contato com o deputado federal Paulo Abi-Ackel. Ele disse que vê com bons olhos uma aproximação do PSDB com o PDT para o pleito estadual, o que não significa dizer que haveria uma aliança e, consequentemente, palanque para Ciro.
“Estamos conversando com muitos partidos. Diria que está começando agora a arquitetura para palanques, mas palanque em Minas para o Ciro nem foi tratado, até porque o PSDB precisa se resolver ainda quanto a Simone (Tebet)”, disse Abi-Ackel, referindo-se à senadora emedebista que é, por ora, o nome da terceira via que poderia ter o apoio do PSDB.
Na eleição presidencial de 2018, Ciro teve o apoio do então prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil. Já a relação dele com Aécio é antiga. Nos anos 80 e 90, eles foram correligionários no PSDB. Em 2017, porém, com o “Caso JBS”, ele disse que Aécio era “a maior decepção” que havia tido.