Um modo de fazer pesquisa em parceria com os indígenas tikmũ’ũn, conhecidos também como maxakalis, em meio a múltiplos seres, saberes e fazeres. É o que a pesquisadora Paula Cristina Pereira Silva apresenta em sua tese de doutorado, defendida no Programa de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social da UFMG. O trabalho recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2023, concedido pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Durante o estudo, a autora mergulhou no modo como os tikmũ’ũn fazem pesquisa e também como ensinam na escola, no território maxakali de Água Boa, situado no município de Santa Helena de Minas, no Norte de Minas. Paula Pereira e os pesquisadores tikmũ’ũn, a maioria professores, se juntaram em uma rede de pesquisa que ganhou o nome de Hãm Yĩkopit, cujo significado é “perguntar à terra”.

Todo mundo fazia pesquisa junto, fazia escola junto. Temos, inclusive, o envolvimento de seres não humanos, que são os yãmĩyxop. Se tentarmos traduzir, uma palavra mais próxima seria ‘espíritos’. Mas ‘espíritos’ ainda não é uma palavra no português que dá conta da materialidade que esses seres representam para esse povo”, relata Paula Cristina.

Segundo ela, o principal resultado da pesquisa foi demonstrar, de forma empírica, alternativas à visão colonialista que marca a prática investigativa ocidental, não indígena.

O trabalho, disponível no Repositório da UFMG, também resultou na publicação de livro digital pela editora Selo FaE, da Faculdade de Educação da UFMG. A pesquisa foi orientada pela professora Vanessa Sena Tomaz, do Programa de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social, e contou com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Raio-x da pesquisa

Título: Xi hõnhã? E agora? Vamos ser pesquisadores: um fazer pesquisa tikmũ’ũn entre múltiplos seres, saberes e fazeres

O que é: Tese de doutorado que descreve o modo como os indígenas tikmũ’ũn, conhecidos também como maxakalis, fazem pesquisa e atuam na escola, no território maxakali de Água Boa, situado no município de Santa Helena de Minas, no Norte do estado. O relato é construído com base na experiência da autora, em colaboração com pesquisadores indígenas.


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