A Polícia Federal (PF) enviou nesta segunda-feira, 27, ao Supremo Tribunal Federal (STF), um relatório complementar que detalha o envolvimento do advogado Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Jair Bolsonaro (PL), no caso das joias desviadas. Segundo o documento, Wajngarten teria participado de uma operação para recuperar um conjunto de joias de ouro rosé, que, conforme os investigadores, estava à venda nos Estados Unidos.
A PF encontrou uma procuração assinada por Jair Bolsonaro que autorizava Wajngarten a “retirar e transportar, por quaisquer meios e por quaisquer rotas (inclusive internacionais)”, o chamado “Kit Ouro Rosé”. Esse conjunto incluía uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe e um relógio da marca suíça Chopard.
Em resposta a reportagem, Fábio Wajngarten afirmou que a “espetacularização de atos formais e naturais” comprova a ausência de ilegalidades por parte dos envolvidos. Ele ainda declarou que seu único papel no caso foi prestar assessoramento técnico, recomendando que os itens fossem entregues ao Tribunal de Contas da União (TCU), conforme exigido à época, e lidar com questões de mídia e comunicação.
Entretanto, os investigadores apontam que as referências a “rotas internacionais” indicam que as joias estavam fora do país e não na fazenda do ex-piloto Nelson Piquet, em Brasília, como alegado por Wajngarten. Segundo a PF, Wajngarten teria desempenhado um papel ativo no esquema, cumprindo tarefas estabelecidas para recuperar as joias e trazê-las ao Brasil, enquanto buscava ocultar sua localização e os lucros gerados para Bolsonaro com a negociação de outros itens desviados do acervo público.
Em julho do ano passado, a PF indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas, incluindo Wajngarten, por crimes como associação criminosa e lavagem de dinheiro no âmbito do inquérito das joias. Os investigadores alegam que o ex-presidente e seus aliados desviaram itens de alto valor do acervo da União, beneficiando-se indevidamente desses bens.
Foto: Nilton Fukuda
