A Polícia Federal (PF) ouviu nesta quinta-feira (11) o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ambos foram indiciados no mês passado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Valdemar Costa Neto, presidente do partido de Bolsonaro, tornou-se alvo das investigações após o PL ter apresentado, em novembro de 2022, uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a anulação de parte dos votos das eleições. Segundo a PF, o PL foi utilizado para financiar e apoiar narrativas de fraude eleitoral, legitimando manifestações que pediam intervenção militar.
De acordo com os investigadores, o ponto alto dessa estratégia foi em 22 de novembro de 2022, quando a coligação formada por PL, Republicanos e Progressistas protocolou uma ação questionando a validade de urnas eletrônicas. Apesar de ser uma ação coletiva, a PF aponta que Valdemar era o “principal fiador dos questionamentos“, financiando e divulgando as alegações de supostas fraudes nas eleições presidenciais.
A PF também revelou que o antigo comitê de campanha de Bolsonaro, alugado pelo PL, foi transformado no chamado “QG do golpe”. O local teria sido frequentado por apoiadores de Bolsonaro que defendiam uma intervenção militar para manter o ex-presidente no poder.
Além disso, Valdemar foi preso em flagrante em outra operação da PF, acusado de posse ilegal de arma e usurpação de bens da União, após ser encontrado com uma pepita de ouro sem origem declarada.
Marcelo Câmara, por sua vez, é acusado de monitorar ilegalmente o ministro do STF Alexandre de Moraes. Mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid indicaram que Câmara detalhava itinerários de voo de Moraes, os quais, segundo a PF, coincidiram com os trajetos reais do ministro em dezembro de 2022. O advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, afirmou que seu cliente “sempre atuou de forma legítima e com instrumentos lícitos”.
Os depoimentos desta quinta-feira são mais um desdobramento das investigações que buscam identificar os responsáveis por articulações antidemocráticas e ataques às instituições brasileiras após as eleições de 2022.
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil