A Polícia Federal concluiu o inquérito das Operações Tempus Veritatis e Contragolpe, indiciando o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, o presidente do PL Valdemar Costa Neto e mais 33 pessoas. Os investigados foram acusados de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Somadas, as penas máximas para esses crimes chegam a 28 anos de prisão.

O relatório, com mais de 800 páginas, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 21 de novembro, e detalha como os envolvidos planejaram manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022. Entre as ações atribuídas ao grupo estão planos para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Lista dos indiciados

  1. Jair Messias Bolsonaro – Ex-presidente e capitão reformado.
  2. Walter Braga Netto – Ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro em 2022.
  3. Augusto Heleno Ribeiro Pereira – Ex-chefe do GSI.
  4. Valdemar Costa Neto – Presidente do PL e ex-deputado federal.
  5. Almir Garnier Santos – Ex-comandante da Marinha.
  6. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira – Ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército.
  7. Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira – General e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres.
  8. Mario Fernandes – General do Exército preso na Operação Contragolpe.
  9. Mauro Cesar Barbosa Cid – Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator.
  10. Anderson Torres – Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF.
  11. Alexandre Rodrigues Ramagem – Deputado federal, ex-diretor da Abin, e encontrado com a minuta golpista.
  12. Ailton Gonçalves Moraes Barros – Major reformado do Exército.
  13. Alexandre Castilho Bitencourt Da Silva – Coronel do Exército.
  14. Anderson Lima De Moura – Coronel do Exército.
  15. Angelo Martins Denicoli – Major da reserva do Exército.
  16. Bernardo Romao Correa Netto – Coronel do Exército.
  17. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – Engenheiro, dono do Instituto Voto Legal (IVL).
  18. Carlos Giovani Delevati Pasini – Coronel da reserva.
  19. Cleverson Ney Magalhães – Coronel do Exército.
  20. Fabrício Moreira de Bastos – Coronel do Exército.
  21. Filipe Garcia Martins – Ex-assessor da Presidência.
  22. Fernando Cerimedo – Estrategista argentino ligado ao presidente Javier Milei.
  23. Giancarlo Gomes Rodrigues – Militar do Exército e integrante da Abin.
  24. Guilherme Marques de Almeida – Tenente-coronel do Exército.
  25. Hélio Ferreira Lima – Tenente-coronel e ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus.
  26. José Eduardo de Oliveira e Silva – Coronel da reserva.
  27. Laercio Vergilio – Coronel da reserva.
  28. Marcelo Bormevet – Policial federal.
  29. Marcelo Costa Câmara – Coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
  30. Nilton Diniz Rodrigues – General de brigada do Exército.
  31. Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho – Economista e neto do ex-presidente João Figueiredo.
  32. Rafael Martins De Oliveira – Major do Exército preso na Operação Contragolpe.
  33. Ronald Ferreira De Araujo Junior – Tenente-coronel do Exército.
  34. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros – Tenente-coronel do Exército.
  35. Tércio Arnaud Tomaz – Ex-assessor do gabinete do ódio na Presidência.
  36. Wladimir Matos Soares – Policial federal preso na Operação Contragolpe.
  37. Amauri Feres Saad – Jurista.

De acordo com a investigação, o grupo era dividido em seis núcleos principais:

  1. Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral: Espalhava fake news para desacreditar o sistema eleitoral.
  2. Núcleo de Incitação Militar ao Golpe: Buscava apoio das Forças Armadas para a ruptura democrática.
  3. Núcleo Jurídico: Tentava dar respaldo legal às ações golpistas.
  4. Núcleo Operacional de Apoio: Responsável pela logística das ações planejadas.
  5. Núcleo de Inteligência Paralela: Reunia informações estratégicas para o golpe.
  6. Núcleo Operacional Coercitivo: Planejava ações como o envenenamento e atentados a líderes do Executivo e Judiciário.

A defesa de Jair Bolsonaro e de outros indiciados afirmou que aguardará acesso ao relatório para comentar. O relatório do inquérito já foi enviado ao STF, que avaliará os indícios e decidirá sobre a abertura de ações penais contra os envolvidos.

 

Foto: Fabio Rodrigues – Pozzebom / Agencia Brasil.