Por Igor Gielow

A mesona de 5 metros de comprimento que virou meme mundial ao ter o presidente russo Vladimir Putin e seu colega francês Emmanuel Macron em cada ponta na semana passada volta a atacar.

No caso, a vítima, por assim dizer, foi o chanceler (premiê) alemão, Olaf Scholz, que visita o russo nesta terça (15) buscando uma chance de acomodação na grave crise de segurança em torno das fronteiras da Ucrânia.

Segundo imagens do serviço de imprensa do Kremlin, Scholz entrou por uma porta diferente na sala do Grande Palácio do Kremlin em que foi recebido por Putin. Eles não se cumprimentaram.

Quando tal tratamento foi dispensado a Macron, foi notado o simbolismo da distância diplomática entre ambos. Ao fim, o francês acabou jogando na sintonia do russo, ao defender uma saída que o Kremlin considera ideal para as disputas territoriais do vizinho.

Depois, foi anunciado pelo Kremlin e pelo governo francês que o motivo do distanciamento, adotado também na entrevista coletiva dos dois líderes, se devia ao fato de que Macron não se submeteu a um teste RT-PCR para detecção do novo coronavírus do governo russo.

Temendo, segundo informações extraoficiais, o acesso do Kremlin a seu DNA. Não que dados da saúde atual e futura do presidente francês fossem ser vendidos a seguradoras, o grande perigo no mercado de testes genéticos que pulula na internet, mas certamente são de interesse de um país rival.

Assim, Macron fez um PCR francês, com médicos de sua confiança. Não bastou para Putin, conhecido por sua paranoia quando o assunto é contrair a Covid-19. Nos meios diplomáticos russos, há boatos de todos os tipos sobre a origem do medo, e o presidente recebeu ao menos três doses da vacina local Sputnik V, segundo o Kremlin.

Scholz fez um caminho semelhante, realizando o teste na embaixada alemã com um médico de seu país. Novamente, ganhou um assento ao mesão. Outros líderes que visitaram Putin recentemente, como o cazaque Kassim-Jumart Tokaiev e o argentino Alberto Fernandéz, presumivelmente fizeram o PCR do Kremlin e foram recebidos em distâncias bem menores.

E Jair Bolsonaro, o brasileiro que nesta quarta (16) se encontra com Putin? A Secretaria de Comunicação da Presidência não revela qual a nacionalidade do PCR a ser feito –e poderão ser dois ou três para o presidente e sua comitiva nestes dois dias em Moscou.

Como Bolsonaro teoricamente vai aderir à bolha anti-Covid de Putin e ficar no hotel em que se hospedará nesta terça (15) até sair para ver o presidente russo, supõe-se que o brasileiro aceitou o serviço do Kremlin. Mas isso ficará claro na quarta.

Todos os envolvidos com a visita com acesso ao Kremlin estão sob regime diário de testes –jornalistas, por exemplo, terão de apresentar três PCRs anteriores e ainda farão um teste rápido no próprio dia da visita, esse cortesia dos anfitriãos. Um PCR custa em média 4.500 rublos (R$ 310) com resultado no mesmo dia na popular rede Gemotest.

A Rússia vive uma crise sanitária com a emergência da variante ômicron, tendo registrado nesta sexta 166 mil casos e 704 mortes. A vacinação completa está em torno de 50%, e de forma impressionista é possível dizer que o uso de máscaras e distanciamento é bastante frágil nas ruas.

Fonte: Folhapress


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