A bancada do PT na Câmara dos Deputados, encabeçada pelo líder Reginaldo Lopes (MG) e pela presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), protocolou no Ministério Público do Distrito Federal uma notícia-crime contra o ex-ministro da Defesa e general Walter Souza Braga Netto (PL), pré-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL).

Os parlamentares pedem a instauração de procedimento de investigação criminal contra o militar e a adoção de medidas penais, cíveis e administrativas, com base em palestra feita por ele em 24 de junho, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), quando ameaçou que sem as mudanças defendidas por Bolsonaro no processo eleitoral “não tem eleição”. A legenda quer que o MP requisite à Firjan as imagens e gravações do evento.

A notícia-crime foi enviada à procuradora-geral de Justiça do DF, Fabiana Costa Oliveira Barreto.

A declaração do general “representa uma postura ultrajante, desrespeitosa, ofensiva e criminosa” e é “uma ameaça grave à independência do Poder Judiciário e de seus integrantes, especialmente da Corte Eleitoral, bem como um ataque às instituições republicanas e à ordem democrática nacional”, diz o documento.

Incitação ao crime                 

O partido acusa Braga Netto de incitação ao crime por atrair “os radicais seguidores” de Bolsonaro a se voltarem contra a eleição, deixando “transparecer de forma cristalina o interesse em incentivar publicamente condutas contrárias à lei e à ordem”.

Constrangimento de empresários

Os deputados e deputadas petistas observam ainda que a fala do general ocorreu dois dias antes de ele ser oficializado como pré-candidato a vice. A declaração teria causado grande constrangimento na plateia de cerca de 40 empresários selecionados pela federação empresarial para um encontro dedicado oficialmente à apresentação de pleitos do estado do Rio ao militar, que até então ocupava o cargo de assessor especial da Presidência da República.

Os parlamentares do PT recordam que o general Braga Netto há tempos, de forma sistemática, tem ameaçado a democracia e o sistema eleitoral brasileiro. Em julho do ano passado, por exemplo, quando era ministro da Defesa, vociferou que a realização das eleições de 2022 estaria condicionada ao voto impresso, proposta que acabou sendo derrubada pelo Congresso Nacional.

Dupla antidemocrática

Para os parlamentares do PT, o militar está alinhado a Bolsonaro nas articulações contra o sistema eleitoral. Bolsonaro, eles lembram, “se recusou várias vezes a dizer se aceitará” o resultado das urnas.

“Aliás, ele vive atacando publicamente o sistema eleitoral brasileiro, colocando em dúvidas a segurança das urnas eletrônicas, afirmando ter havido fraude em 2018, sem nunca ter apresentado qualquer prova”.