A confirmação da aliança do PT com o PSD em Minas Gerais é tratada como uma vitória pelos petistas, que veem na união o aumento das chances do ex-presidente Lula ser eleito no primeiro turno na eleição de outubro deste ano.

A resistência de parte da bancada do PSD, que preferia apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e, em certa medida, o atual governador Romeu Zema (Novo), foi superada em um acordo entre Lula e Gilberto Kassab, presidente nacional da legenda.

Nas últimas negociações, o impasse deixou de ser a busca por uma candidatura única ao Senado. As divergências se encontravam na oposição de deputados do PSD à união entre as legendas.

Com a aliança fechada, Lula terá o palanque do pré-candidato do PSD ao governo do estado, Alexandre Kalil, para fazer a sua campanha. Os petistas, que insistiam em lançar o deputado federal Reginaldo Lopes para o Senado, recuaram e aceitaram o nome de Alexandre Silveira (PSD), que busca a reeleição.

O acordo determina que o PT escolherá o candidato a vice na chapa de Kalil e o primeiro suplente de Silveira, caso ele consiga ser reeleito. Até o momento, os nomes que despontam para o cargo de vice são o do próprio Reginaldo Lopes e de André Quintão.

Além de Lula e Kassab, o sucesso do acordo deve-se a Kalil, que reiterou a importância da aliança para a eleição estadual. Pesquisa da Quaest, divulgada na segunda-feira 16, mostrou que o ex-prefeito de Belo Horizonte lidera a disputa quando apoiado pelo ex-presidente.

De acordo com o levantamento, ao ter seu nome associado ao ex-presidente, Kalil cresce 13 pontos, partindo de 30% para 43% das intenções de voto. Já Zema, quando tem seu nome vinculado ao de Luiz Felipe D’avila (Novo), perde 19 pontos percentuais, o que derruba suas indicações de voto de 41% para 22%.

“O melhor cabo eleitoral em Minas neste momento é o ex-presidente Lula. Seu apoio faz com que 30% dos eleitores mudem de voto”, avaliou Felipe Nunes, cientista político e diretor da Quaest.

O PT, que não descartava abrir diálogo com Zema caso não fechasse com Kalil, agora admite que uma aliança com o atual governador seria muito improvável.  “É um governo que não tem uma entrega. Zema falou muito e não fez nada, é muito fácil de desconstruir”, afirmou o deputado Paulo Guedes (PT-MG) nesta terça-feira 17 a CartaCapital.

A negociação com o PSD era prioridade para o PT, já que Minas é o segundo maior colégio eleitoral do País. Desde 1989, o presidente eleito é o que leva mais votos no estado. Com o martelo batido, as legendas vão se debruçar nos próximos dias em 13 pontos de convergência para um programa de governo que possibilite o anúncio oficial da aliança.