Depois da escolha da Russell Reynolds como a consultoria responsável pela indicação de nomes para sua presidência, a Vale espera a consolidação de uma lista tríplice para pôr fim a um arrastado processo de sucessão do atual CEO, Eduardo Bartolomeo.

Segundo fontes da mineradora, a Russell Reynolds deve elaborar uma primeira lista com diversas indicações e ir enxugando as ofertas de executivos até apresentar uma lista tríplice para o conselho de administração.

Quem está bem posicionado junto à consultoria é Sergio Rial, ex-presidente da Americanas que jogou no ventilador o rombo contábil na varejista, que foi procurado pela consultoria antes mesmo da escolha oficial da empresa como responsável pela consolidação de uma lista tríplice de indicação à presidência da Vale.

Outro nome que deve figurar nas listas da consultoria é o de Gustavo Pimenta, atual CFO da Vale — como um gesto de respeito a uma “candidatura interna” da Vale.

Nome cotado pelos executivos da Russell Reynolds, Walter Schalka, ex-presidente da Suzano, sinalizou a pessoas próximas não querer entrar no pleito para comandar a Vale.

Dentro da empresa, a escolha de um CEO por meio de um processo conduzido por uma empresa de headhunters é bem-quisto — apesar da leitura de que a Vale terá de indicar alguém com sinergia com o governo.

De acordo com um alto executivo, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva é um fator importante, porque, embora não possa indicar o próximo presidente da Vale, é provável que o conselho de administração — com nomes indicados pela Previ, o fundo de previdência do Banco do Brasil — queira “validar” a escolha.

Outro fator que deve ser levado em consideração para a escolha ser afastada do governo envolve denúncias recentes de um ex-membro do conselho de administração da Vale, José Luciano Duarte Penido, que deixou o posto atirando.

Penido renunciou indicando em uma carta que haveria “influência política” na escolha da sucessão de Eduardo Bartolomeo.

“O atual processo sucessório da Vale vem sendo conduzido de forma manipulada, não atende o melhor interesse da empresa e sofre evidência e nefasta influência política”, escreveu Penido em carta ao presidente do colegiado, Daniel Stieler.

A escolha, portanto, segundo importantes executivos da Vale, não deverá ser de gente diretamente ligada ao governo, porque a escolha acarretaria uma perda de credibilidade do processo e acabaria por validar as acusações de Penido.

Apesar do conselho de administração ter resistido às investidas da gestão petista na Vale – como nas tentativas de chancelar os nomes do ex-ministro Guido Mantega e do ex-presidente do Banco do Brasil Paulo Caffarelli –, a visão dentro da empresa é de que, embora exclua um político, o próximo presidente da Vale terá de ter bom trânsito com o poder executivo.

A ausência de trânsito com a classe política foi o principal fator de resistência à manutenção de Eduardo Bartolomeo à frente da Vale.


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