O Rio Madeira registrou, às 11h30 desta terça-feira (27), a cota de 1,37 m em Porto Velho (RO). Essa é a 2ª menor marca da história, desde 1967, atrás apenas da observada em 2023, quando chegou a 1,10 m. O valor esperado para esta época do ano é de 3,80 m. A informação consta em boletim de monitoramento hidrológico divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) e disponível na página do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Madeira.
Esse cenário é grave e gera preocupação porque os níveis mais baixos chegaram cedo e podem piorar, a depender do início da estação chuvosa, que costuma ocorrer no final de setembro. “O Madeira tem perdido de 3% a 4% de vazão por dia, em razão da forte estiagem. Caso mantenha essa taxa, não se descarta a chance de que se aproxime da cota de 1,10 m ao longo desta semana”, alerta o pesquisador em geociências Marcus Suassuna. A vazão refere-se ao volume de água (medido usualmente em metros cúbicos) que passa pelo rio em um determinado espaço de tempo (usualmente, segundos).
Os níveis também estão abaixo da faixa da normalidade na estação de Ji-Paraná (RO). A cota observada nesta terça-feira (27) foi de 6,11 m – a 4ª menor da série histórica –, atrás das cotas de 6,09 m em 2020; 6,08 m em 1998 e 6,02 m em 2021.
Já em Jirau Jusante Beni, no município de Nova Mamoré (RO), a cota é de 9,62 m; e, em Guajará-Mirim (RO), a cota é de 5,78 m. Ambas estão dentro da faixa de normalidade para o período. É importante ressaltar que as cotas indicadas são valores associados a uma referência de nível local e arbitrária, válida para as réguas linimétricas específicas de cada estação.
Desde março, o SGB tem compartilhado as previsões sobre a seca acentuada na Bacia do Rio Madeira, em reuniões institucionais e por meio da emissão dos boletins de monitoramento. As informações apoiam a tomada de decisões que visem reduzir os impactos da seca na bacia, que é uma das principais hidrovias do país. Além disso, são realizados estudos para identificar os melhores locais para a perfuração de poços destinados ao abastecimento público. No estado, existem mais de 4 mil poços cadastrados no Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (Siagas).
O monitoramento dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais que fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres, a gestão dos recursos hídricos e pesquisas.
As informações coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas no Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) e, em seguida, apresentadas na plataforma SACE.