O deputado federal Rogério Correia, representando a bancada do PT, fez um discurso contundente na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 19 de novembro de 2024. Ele iniciou agradecendo ao líder do governo, José Guimarães, por conceder-lhe a palavra para tratar de um tema que classificou como alarmante: as recentes revelações sobre ações antidemocráticas atribuídas ao bolsonarismo.
Correia destacou: “Não podemos normalizar o que não deveria ser normal. Tivemos recentemente uma tentativa de explosão de uma bomba no Supremo Tribunal Federal. O responsável, um bolsonarista conhecido no Paraná, acabou morrendo pela própria bomba, expondo mais uma vez o bolsonarismo ao vexame.” Apesar da gravidade, o deputado lamentou que tais incidentes tenham se tornado quase rotineiros, perdendo a devida atenção pública diante de novos escândalos.
O parlamentar trouxe à tribuna manchetes de jornais de grande circulação, incluindo veículos que não possuem alinhamento à esquerda. “O Estadão publicou: ‘Punhal verde e amarelo, plano de militares bolsonaristas para envenenar Lula e destruir Alexandre de Moraes, diz Polícia Federal’. Imaginem, envenenar o presidente da República e explodir o presidente do Supremo Tribunal Federal! Este plano de militares bolsonaristas é algo inaceitável.”
Outras manchetes mencionadas reforçaram a gravidade da situação: “O Globo afirmou: ‘Arsenal previsto em plano golpista poderia derrubar paredes do Supremo Tribunal Federal’. As armas mencionadas são de lançamento de foguetes e rojões, e esse material foi extraído de um computador pertencente ao ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência”, disse o deputado.
Correia ainda citou o portal Metrópolis, que publicou: “‘Polícia Federal afirma que Bolsonaro redigiu, ajustou e enxugou a minuta do golpe’. As mensagens enviadas por Mauro Cid para um general do Exército comprovam, segundo a investigação, o envolvimento direto de Bolsonaro.”
Para o deputado, “isso não é apenas planejamento; é uma tentativa de execução que por pouco não culminou em um golpe de Estado.”
Rogério Correia descreveu um período de articulação de três anos, durante os quais ações golpistas foram planejadas. Ele destacou a atuação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investigou os ataques de 8 de janeiro, e o papel de parlamentares e senadores nesse processo: “Foram indiciados vários bolsonaristas, inclusive o próprio Jair Bolsonaro. Segundo os cálculos da CPMI, os crimes atribuídos ao ex-presidente somam 29 anos de prisão.”
O deputado apontou ainda o envolvimento de generais: “O general Mário Fernandes, preso hoje, já constava no relatório da CPMI. Há um ano, a Procuradoria-Geral da República tinha conhecimento desse sujeito, que, como secretário de Bolsonaro, sugeriu agir antes das eleições, temendo a derrota. Essa reunião fatídica, onde o golpe foi planejado, ocorreu na casa do general Braga Neto.”
Correia afirmou que a Polícia Federal está desvendando a trama com o auxílio de tecnologia de ponta: “Por ironia do destino, um equipamento israelense conseguiu recuperar arquivos apagados por Mauro Cid, revelando detalhes do golpe.”
O deputado foi categórico ao condenar pedidos de anistia para golpistas: “A nossa resposta só pode ser sem anistia. Se forem anistiados, continuarão com sua sanha golpista. Esse comportamento está entranhado no neofascismo, que é visceralmente antidemocrático.” Correia pediu que a Polícia Federal amplie as investigações, incluindo parlamentares como Carla Zambelli, também indiciada pela CPMI.
Ele reforçou: “Bolsonaro e outros líderes golpistas precisam ser responsabilizados. Não podemos aceitar que pessoas como Braga Neto, general Heleno e o próprio Bolsonaro escapem da justiça.”
No encerramento, Rogério Correia destacou a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário internacional: “Enquanto desvendamos essas tramas golpistas, o presidente Lula, no G20, faz um golaço como estadista. Ele colocou a fome no centro das discussões globais, cobrando que bilionários contribuam para erradicar a miséria.”
O deputado concluiu com um apelo emocionado: “Parabéns, presidente Lula. Continue vivo. Precisamos de você.”
O discurso de Correia não apenas denunciou os eventos recentes, mas reforçou a gravidade dos ataques à democracia. Suas palavras, cheias de indignação e alerta, ecoam a necessidade de vigilância e justiça em tempos de ameaças constantes ao estado democrático de direito.
Foto: Imagem reprodução TV Câmara