Terminou a 3ª rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia realizada nesta segunda (7). O porta-voz da delegação ucraniana, Mykhailo Podoliyak, disse que há uma pequena e positiva melhora na organização dos corredores humanitários. Não foram mencionados maiores detalhes.

Uma imagem divulgada pelo governo de Belarus, aliado de Moscou e que sedia as negociações, mostrou mais cedo as delegações da Rússia e Ucrânia reunidas.

Um porta-voz russo disse, antes da reunião, que as demandas da Rússia são que a Ucrânia: não faça parte em nenhum momento da Otan; reconheça a separação da Crimeia, anexada à Rússia; reconheça a independência das repúblicas de Donbass.

A ofensiva russa, iniciada em 24 de fevereiro, provocou a fuga de mais de 1,5 milhão de pessoas da Ucrânia e um número ainda maior de habitantes estão deslocados dentro do país ou bloqueados em cidades bombardeadas pela Rússia.

O agravamento do conflito também provoca turbulências financeiras e o aumento vertiginoso dos preços do petróleo e do ouro. A nova rodada de negociações russo-ucranianas na ocorreu na fronteira entre Belarus e Polônia, e seria concentrada – segundo adiantou o chefe da delegação russa, Vladimir Medinski – nos corredores humanitários.

No entanto, as expectativas não eram boas. O presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu como condição prévia a aceitação de Kiev de todas as demandas de Moscou, especialmente a desmilitarização da Ucrânia e um status neutro para o país.

O Exército russo anunciou na manhã desta segunda (7) a suspensão temporária dos ataques em algumas regiões “com fins humanitários” e a abertura de corredores humanitários para retirar os civis de Kiev, Kharkiv, do porto cercado de Mariupol e da localidade de Sumy, perto da fronteira com a Rússia.

Metade dos corredores, porém, segue em direção à Rússia e Belarus e o governo ucraniano rejeitou a proposta. “Não é uma opção aceitável”, disse a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereschuk. Ela afirmou que os civis retirados das cidades de Kharkiv, Kiev, Mariupol e Sumy “não irão para Belarus, para em seguida embarcar em um avião e seguir para Rússia”.

O presidente francês Emmanuel Macron, que conversou com seu homólogo russo no domingo, acusou Putin de hipocrisia e cinismo pela sua proposta.

“Não conheço muitos ucranianos que queiram se refugiar na Rússia (…). Nada disso é sério. É de um cinismo moral e político que me parece insuportável”, disse Macron em entrevista transmitida na televisão.

Por sua vez, o representante russo nas negociações entre Moscou e Kiev acusou a Ucrânia de impedir a evacuação de civis de áreas de combate e de “usar (os civis) direta e indiretamente, até como escudos humanos, o que é claramente um crime de guerra”.