O Pentágono afirmou nesta segunda-feira (16) que há indícios de que soldados norte-coreanos enviados à Rússia para apoiar o Kremlin na guerra contra a Ucrânia sofreram suas primeiras baixas. O major-general da Força Aérea, Pat Ryder, porta-voz do Pentágono, confirmou que os combatentes de Pyongyang estiveram envolvidos em confrontos na região de Kursk, onde a Rússia tenta recuperar territórios perdidos em uma ofensiva ucraniana iniciada em agosto.
“Temos indicações de que os soldados norte-coreanos entraram em combate em Kursk e sofreram baixas, incluindo mortos e feridos”, declarou Ryder. Autoridades ucranianas corroboraram as informações, afirmando que pelo menos 30 soldados de Pyongyang morreram ou ficaram feridos em confrontos nas aldeias russas de Plekhovo, Vorojba e Martinovka no último fim de semana. No entanto, essas informações não puderam ser verificadas de forma independente.
A presença de soldados norte-coreanos na guerra foi confirmada no início de novembro, quando o Pentágono relatou o envio de pelo menos 10 mil combatentes para a região de Kursk, próxima à fronteira com a Ucrânia. Desde então, os norte-coreanos têm atuado exclusivamente em território russo, auxiliando nas operações do Kremlin para expulsar as forças ucranianas.
Essa colaboração militar reforça os laços entre Moscou e Pyongyang, aprofundados desde junho, quando Vladimir Putin e Kim Jong-un renovaram um pacto de defesa mútua. Segundo especialistas, a parceria não apenas fortalece a relação entre os dois países, mas também representa uma provocação ao Ocidente.
“Trata-se de um teste estratégico”, afirmou Oleksii Melnik, analista militar e ex-comandante ucraniano. “Embora o número de soldados seja relativamente pequeno, o envio pode ter implicações significativas, especialmente se a Rússia transferir tecnologia avançada para a Coreia do Norte.”
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, declarou no sábado que a Rússia intensificou o uso de soldados norte-coreanos em ataques em Kursk e sugeriu que essa estratégia pode se expandir para outras partes da linha de frente.
A Ucrânia demonstrou frustração com a resposta limitada de seus aliados ocidentais diante do envolvimento direto de Pyongyang na guerra. No entanto, no mês passado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou o uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia contra alvos militares no território russo. Essa decisão foi atribuída à crescente participação dos soldados norte-coreanos no conflito, de acordo com autoridades norte-americanas.
O Pentágono também destacou que o Kremlin reuniu uma força combinada de 50 mil soldados na região de Kursk, incluindo os norte-coreanos. Rumores sobre as condições de alimentação, comunicação e integração desses combatentes com os russos têm circulado, mas a confirmação oficial do envolvimento militar de Pyongyang veio apenas nesta segunda-feira.
Especialistas apontam que o envio de tropas norte-coreanas à Rússia tem, entre outros objetivos, testar a reação do Ocidente. Para Oleksii Melnik, a ação é simbólica, mas preocupante: “Se a Rússia fornecer tecnologia avançada à Coreia do Norte, isso pode representar uma mudança significativa no equilíbrio militar da região.”
Enquanto isso, autoridades ucranianas alertam que a presença de Pyongyang no conflito não apenas amplia a dimensão internacional da guerra, mas também aumenta os desafios para a Ucrânia e seus aliados. Zelenski enfatizou que as estratégias russas de aliança com regimes como o da Coreia do Norte visam enfraquecer a resposta ocidental e prolongar o conflito.
A situação em Kursk continua a ser monitorada, e a escalada da participação norte-coreana gera novas preocupações sobre os rumos da guerra e suas consequências geopolíticas.
Foto: Thomas Peter