Com sol e chuva, os meninos do tradicional bairro de Santa Tereza, zona leste da capital mineira, sonhavam. Queriam falar de amor, de amizade, do tempo, da estrada, da paixão e da revolta, da fé e da esperança, da utopia e da liberdade, de Minas Gerais.

Cantaram, tocaram, e em 2022, o álbum duplo “Clube da Esquina” completa 50 anos, marcando o meio século do movimento musical homônimo que identifica o povo mineiro por seu sotaque, jeito e beleza.

Para celebrar o Clube da Esquina, a Galeria de Arte do Centro Cultural Minas Tênis Clube apresenta, entre os dias 3 de fevereiro e 6 de março, “Viagem de Ventania – Trilha Sonora do Tempo”. Sob a concepção do compositor, escritor e integrante do Clube da Esquina, Márcio Borges, o espaço da galeria promove uma imersão em 12 canções do Clube da Esquina, por meio de objetos, projeções, luzes, cores e da própria canção.

A entrada é franca e a Galeria de Arte funciona de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 20h, sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. Por causa da pandemia da Covid-19, a capacidade de visitantes é limitada a 30 pessoas e é obrigatório o uso de máscaras. A exposição tem patrocínio máster do Instituto Unimed-BH.

“O Clube não pertencia a uma esquina, uma turma, uma cidade, mas sim a quem, no pedaço o mais distante do mundo, ouvisse nossas vozes e se juntasse a nós”, afirmou Milton Nascimento no prefácio do livro de Márcio Borges, “Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina”.

E é assim que o Clube da Esquina é entendido. “Isso condiz em tudo e por tudo com a proposta desta exposição, que busca, talvez, a mais direta e sintética forma de homenagear o cinquentenário disco que fez fama e correu mundo”, explica o compositor e escritor.

Nessa proposta de imersão, o visitante será estimulado a fazer seu próprio mergulho, ou voo, num universo sonoro e poético. Em cada nicho, será possível ver e ouvir coisas e sons, percorrendo, escolhendo e viajando nas sensações que música e palavra podem evocar.

“Em projeções, mappings e jogo de luzes, fatos históricos e cine-atualidades construirão o pano de fundo visual em que cada tema abordado irá se enquadrar”, explica Márcio. Todo o desenho arquitetônico dos espaços foi construído por Gustavo Penna e Gustavo Grecco. As projeções foram desenvolvidas por Ricardo e Rafael Cançado, responsáveis pelo Studio Darklight. A mostra tem produção artística assinada por Cláudia Brandão e a produção executiva por Danusa Carvalho.

Identidade mineira

Na Galeria, o visitante vai passear como se estivesse dentro de um LP. “Eu só lembrei aos designers e equipes que a grande maioria de nossas canções surgiu para a eternidade, gravadas em elepês de 12 faixas de vinil. A ideia era reproduzir uma ambientação, um clima de audição que havia entre nós quando lançávamos discos novos. Daí, a criatividade deles foi posta em movimento”, observa Márcio Borges.

André Rubião, diretor de Cultura do Minas Tênis Clube, destaca a versatilidade da canção do Clube da Esquina. “Ao mesmo tempo que a poesia do Clube da Esquina é tão presente na vida cultural do brasileiro, especialmente em Minas, ela ainda impressiona por sua capacidade de transitar em várias linguagens artísticas”, observa o diretor.

Pacífico Mascarenhas, músico reconhecido e premiado, afirma que o “movimento musical nacional e internacional Clube da Esquina foi, é e será sempre orgulho para Minas Gerais”. Como parte da identidade mineira, o Clube da Esquina, segundo Márcio Borges, “sempre foi de quem ouviu nossas vozes e se juntou a nós”.

Dessa forma, o convite para visitar e vislumbrar a imersão “Viagem de Ventania – Trilha Sonora do Tempo” é feito no intuito de que se “escute tudo, perceba detalhes, não só com o ouvido material e histórico, mas com o coração batendo em consonância com o vibrato da guitarra e com o prolongamento da sílaba na voz do cantor, subindo a alturas celestiais com a suavidade das cordas que emolduram vozes, sorrindo com a sutileza da rara rima e da descoberta rítmica inusitada”, convida o compositor.

Para contribuir com imersão no som Clube da Esquina, o Centro Cultural Unimed-BH Minas criou uma playlist com canções do Clube em diferentes versões. A seleção musical pode ser acessada e ouvida no Spotify.

No Teatro

Como complemento da homenagem ao Clube da Esquina, e desta imersão exposta na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, o projeto Mistura Minas realizará três shows no Teatro, trazendo três gerações que irão mostrar um repertório que apresentará canções de Godofredo Guedes, passando por Milton, Tavinho Moura, Wagner Tiso, Beto Guedes e outros, além de composições próprias e parcerias com grandes nomes do movimento.

No dia 3/2 (quinta-feira), Julia Guedes, neta de Beto Guedes, mostrará que o Clube da Esquina tem fôlego para mais 50 anos. Érika Machado e Makely Ka, que se formaram profissionalmente estudando e cantando o Clube, trazem seus olhares em releituras dos hinos do movimento, que completa 50 anos, no dia 4/2 (sexta-feira). Encerrando a série de shows, Telo e Lô Borges apresentam o show “De irmão para irmão”, no dia 5/2 (sábado).

Fonte: Minas Tênis Clube