A tarefa que Romeu Zema (Novo), governador reeleito de Minas Gerais, terá pela frente neste segundo turno não será das mais fáceis. Cabo eleitoral da campanha do presidente Jair Bolsonaro, ele terá que enfrentar o chamado voto “Luzema” no estado.
Levantamento feito pelo jornal O Globo a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrou que em 436 cidades mineiras o eleitorado votou em Zema e no ex-presidente Lula (PT) conjuntamente no primeiro turno. Já em outras 222 houve o voto casado entre o candidato do Novo e Jair Bolsonaro.
No conjunto de cidades em que a vitória de Zema e Lula coincide, eles receberam mais da metade dos votos válidos em 66% delas – o equivalente a 292 municípios. Barbacena, na Zona da Mata, é a maior cidade do estado em que o voto “Luzema” se concretizou. Foram 54% dos votos para o petista, e 56% para Zema.
O padrão de votação de Lula em Minas Gerais, no entanto, está marcado pelo bom desempenho em cidades de pequeno porte. No interior, ele chegou a 49,1% da preferência do eleitorado, ante 43,1% de Bolsonaro.
Em Belo Horizonte, por sua vez, o candidato à reeleição pelo PL venceu: 46,6% contra 42,5%. Já nas cidades com mais de 200 mil habitantes, Lula se saiu vitorioso em apenas quatro: Betim, Juiz de Fora, Montes Claros e Ribeirão das Neves.
Segundo maior colégio eleitoral, Minas é visto como estratégico para ambas as campanhas neste segundo turno. Bolsonaro aposta em Zema como “puxador de voto”, enquanto Lula acredita na dificuldade histórica de haver essa transferência imediata entre governador e presidente no estado.
Desde a redemocratização, em apenas duas eleições essa estratégia se concretizou: em 2014, com Dilma Rousseff (PT) e Fernando Pimentel (PT) e em 2018, com os próprios Bolsonaro e Romeu Zema.
Há também, em favor da campanha petista, o fato de que, nas últimas cinco eleições presidenciais em Minas Gerais, os candidatos a presidente que terminaram à frente na primeira rodada acabaram por vencer no estado no segundo turno.