O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, celebrou nesta semana a assinatura de um acordo considerado por ele como “realmente justo” entre Kiev e os Estados Unidos, que garante acesso norte-americano aos recursos minerais ucranianos e estabelece um fundo de investimento voltado à reconstrução do país, devastado pela guerra. As negociações do acordo vinham sendo realizadas há semanas.

O anúncio oficial ocorreu em Washington na última quinta-feira. Segundo os termos definidos, o acordo prevê a criação de um Fundo de Investimento para a Reconstrução, cujos lucros serão aplicados exclusivamente em projetos na Ucrânia durante os dez primeiros anos. Após esse período, os rendimentos poderão ser repartidos entre os parceiros envolvidos.

Inicialmente, o ex-presidente Donald Trump descreveu o pacto como uma espécie de “devolução de dinheiro” pela ajuda prestada pelos Estados Unidos à Ucrânia nos últimos anos, durante a gestão de Joe Biden. No entanto, o governo ucraniano rejeitou essa interpretação e afirmou que o novo acordo não está vinculado a nenhuma dívida relacionada à assistência recebida desde o início da guerra.

O acordo evoluiu significativamente ao longo das negociações”, declarou Zelensky em sua mensagem diária. “Agora é um acordo realmente justo, que cria oportunidades importantes de investimento na Ucrânia”, acrescentou. Ele também explicou que o fundo de recuperação permitirá não apenas o investimento, mas também a geração de lucros dentro do próprio território ucraniano.

Embora Kiev e Washington tivessem planejado concluir as negociações semanas atrás, os diálogos enfrentaram atrasos após um desentendimento verbal entre Donald Trump e Zelensky ocorrido no Salão Oval da Casa Branca, no final de fevereiro.

A Ucrânia espera que o acordo ajude a consolidar novas garantias de segurança oferecidas por Washington, enquanto o país busca proteção contra possíveis ataques futuros da Rússia, cuja invasão já completou três anos. Apesar de o novo tratado não incluir compromissos de segurança formais, autoridades norte-americanas argumentam que os interesses comerciais compartilhados podem, de forma indireta, contribuir para dissuadir novos ataques russos.

Enquanto isso, os confrontos continuam. Um bombardeio noturno com drones russos atingiu a cidade portuária de Odessa, matando duas pessoas e ferindo mais de dez, segundo autoridades locais. “Precisamos de mais pressão internacional sobre a Rússia para obrigá-la a negociar. Quanto mais eficazes forem as sanções e medidas internacionais, maior será o incentivo para Moscou encerrar a guerra”, declarou Zelensky pelo Telegram.

No início de março, a Rússia rejeitou uma proposta de cessar-fogo de trinta dias, apresentada por Kiev e Washington, alegando que só negociaria diante do fim da ajuda militar ocidental à Ucrânia. Esta semana, os Estados Unidos alertaram que os próximos dias serão cruciais para decidir se prosseguirão com esforços de mediação ou se reconsiderarão sua estratégia.

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma trégua de três dias entre oito e dez de maio, coincidindo com as celebrações do Dia da Vitória da Segunda Guerra Mundial em Moscou.

Segundo estimativas internacionais, a Ucrânia abriga cerca de cinco por cento dos recursos minerais do mundo. Contudo, muitos desses depósitos permanecem inexplorados ou estão situados em áreas atualmente sob ocupação ou ameaça de avanço das tropas russas.

Foto: Tetiana Dzhafarova


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