O ex-ministro da Justiça Anderson Torres depõe hoje na Polícia Federal e tem uma estratégia para responder sobre a atuação da Polícia Rodoviária Federal durante o segundo turno das eleições, quando fiscalizações de veículos foram concentradas na região Nordeste e atrasaram a chegada de eleitores a seus locais de votação.

A oitiva está marcada para as 14h30, na sede da corporação. O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já chegou e foi escoltado ao local.

A reportagem apurou, que ele não permanecerá em silêncio, deve responder às perguntas da Polícia Federal.

O ex-ministro negará que as blitze no segundo turno tenham tido a intenção de dificultar o acesso de eleitores a seus locais de votação.

Torres deverá alegar que o aumento do efetivo se deveu a denúncias de suspeita de compra de votos e, por isso, foi necessário reforçar a atuação durante o segundo turno.

Ele mencionará ainda que, no dia do segundo turno, o próprio presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, teria dito que as operações não impediram eleitores de participar do pleito;

Em relação à viagem à Bahia, estado em que Lula tinha ampla vantagem, o ex-ministro deverá responder que foi ao estado para visitar obras na superintendência local da PF e negar que a ida tenha tido qualquer relação com as eleições.

Preso desde janeiro por suspeita de omissão em relação aos atos golpistas de 8 de janeiro, Anderson Torres deixará o Batalhão de Aviação Operacional, onde está detido, e ser escoltado até a sede da PF.

O depoimento inicialmente estava marcado para abril, mas foi adiado por razões médicas.

Nem Torres e nem seus advogados devem falar com a imprensa ao fim do depoimento.

O ex-ministro será ouvido no inquérito que apura a atuação da PRF nas eleições. O órgão estava subordinado a Torres e teria agido para dificultar o acesso de eleitores às seções de votação, especialmente na região Nordeste.

Um relatório do Ministério da Justiça entregue à Controladoria Geral da União apontou que a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, região que tradicionalmente dá vantagem a Lula e ao PT, contra 571 no Sudeste; os dados envolvem a véspera e o dia do segundo turno das eleições.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou na ocasião de que havia “comprovação de que houve desvio de padrão” da PRF.


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