Aliados do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) admitem que o episódio envolvendo a reação a tiros do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais desgasta a campanha do presidente.
O desgaste é causado principalmente por dois fatores: a participação do ministro da Justiça, Anderson Torres, no caso e o fato de Bolsonaro ter mentido sobre não ter sido fotografado ao lado de Jefferson. Diversas fotos divulgadas pelo próprio governo desmentem o presidente.
“Os aliados dizem ainda que é cedo para avaliar totalmente o impacto desse episódio de ontem, admitindo todos, obviamente, que tem um desgaste. Essa ideia [envio do ministro da Justiça] passou justamente a impressão de que Bolsonaro estaria protegendo, inclusive com aparato do Estado”, analisou Carla Araújo.
O ex-deputado federal Roberto Jefferson reagiu ontem com tiros contra agentes da Polícia Federal que cumpriam uma decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de prendê-lo em sua casa, em Comendador Levy Gasparian, a cerca de 140 km do Rio de Janeiro.
A PF informou que agentes foram à casa de Jefferson para cumprir a ordem de prisão e o alvo reagiu à abordagem, quando os agentes se preparavam para entrar na residência. Dois policiais, sendo uma mulher, foram atingidos por estilhaços. Segundo a corporação, eles foram levados a um pronto-socorro, passaram por atendimento médico e passam bem. À noite, Jefferson se entregou.
Outro desgastes na campanha de Bolsonaro à reeleição o fato de o presidente ter se manifestado a favor da ministra Cármen Lúcia, do STF, após a magistrada ser alvo de ataques misóginos de Jefferson, por causa dos atritos envolvendo Bolsonaro e o eleitorado feminino.
O próprio candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) notou que o episódio envolvendo a reação a tiros de Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais representa um “desastre” para sua campanha.
O ataque de Jefferson, apoiador de Bolsonaro, prejudica a mudança de postura do presidente, que adotou um tom mais brando para angariar votos.
E aí vem esse setor do bolsonarismo que ele alimentou o tempo inteiro e explode uma granada na cara de todo mundo. É só observar como Bolsonaro reage. Ele, sim, tem pesquisa, dinheiro para isso, e percebeu que o episódio foi um desastre para campanha.
O ex-procurador Bruno Espiñeira, presidente da Anacrim-DF (Associação Nacional da Advocacia Criminal, no DF), cobrou, em entrevista hoje, investigação sobre o envolvimento do ministro da Justiça, Anderson Torres, no episódio envolvendo a reação a tiros do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais.
“Me parece uma situação atípica e as consequências disso me parecem que deverão ser investigadas pelo próprio ministro relator [Alexandre de Moraes], que determinou essa voz de prisão”, disse o advogado criminalista.
“Esse mandato era mais importante do que as dezenas de outros mandatos expedidos diariamente no país afora? É uma questão de causa perplexidade e merece resposta”, acrescentou.