A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) notificará as empresas que forneceram serviços que permitiram a violação do bloqueio imposto ao X no Brasil, solicitando que sigam a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e interrompam o acesso à plataforma. Entre as empresas identificadas pelo órgão estão Cloudflare, Fastly e EdgeUno, que estariam facilitando o funcionamento do X, segundo fontes da Anatel ouvidas pelo GLOBO. A notificação será direcionada a essas empresas, e a Anatel suspeita que outras possam estar na mesma situação.
Anteriormente, o X operava por meio de servidores próprios, mas passou a utilizar empresas de entrega de conteúdo, conhecidas como CDNs. Com a suspensão inicial da plataforma no Brasil, os endereços vinculados aos servidores próprios foram bloqueados. No entanto, essa mudança para o uso de CDNs permitiu que o X contornasse o bloqueio do STF.
Carlos Affonso, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) e professor de Direito na Uerj, explica que essas empresas fornecem dois serviços principais: endereços IP próprios, que protegem os usuários de ataques, ocultando seu verdadeiro endereço, e maior eficiência na entrega de conteúdo através das CDNs. Essas redes aceleram e melhoram a qualidade da distribuição de conteúdo aos usuários.
Para que o X seja novamente suspenso, as novas empresas que estão prestando serviços à plataforma devem interrompê-lo. Caso contrário, Affonso ressalta que a única solução seria bloquear essas empresas provedoras. No entanto, ele alerta para possíveis complicações, pois essas empresas também hospedam outros sites. Se o STF optar por bloquear os endereços dessas empresas, isso pode gerar instabilidade para grandes sites que utilizam os mesmos serviços, levando a possíveis quedas ou interrupções.
“É uma situação complexa”, afirma Affonso, “porque é possível solicitar que as empresas parem de distribuir o conteúdo do X, mas resta saber se elas vão acatar. Se não o fizerem, o país pode enfrentar uma enrascada, com grandes sites sofrendo instabilidade ou até sendo derrubados se o STF optar por bloquear seus endereços”.