No período de outubro de 2022, uma assessora de Carlos Bolsonaro procurou Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em busca de informações sobre investigações envolvendo familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na época das mensagens, Ramagem já não ocupava o cargo de diretor da Abin, tendo deixado a função meses antes para concorrer em uma eleição.

A troca de mensagens entre Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro, e Ramagem foi citada na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que embasou a operação realizada pela Polícia Federal nesta segunda-feira (29).

Nas mensagens, Luciana pede ajuda a Ramagem e fornece dois números de inquéritos que, segundo ela, envolvem o ex-presidente da República e três de seus filhos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o pedido de ajuda dizia respeito a investigações que envolviam o então presidente e seus filhos.

Além desse episódio, as investigações apontam que, em fevereiro de 2020, Ramagem imprimiu informações de inquéritos eleitorais da PF que tinham como alvo políticos do Rio de Janeiro, região de influência política da família Bolsonaro.

Conforme destacado pelo ministro do STF, as provas coletadas pela PF indicam que os suspeitos utilizaram a Abin para monitorar adversários políticos e fiscalizar indevidamente investigações relacionadas a aliados políticos.

A operação desta segunda-feira é um desdobramento da realizada na quinta-feira (25), que teve como alvo Alexandre Ramagem. Ambas as operações foram autorizadas por Moraes, que ressaltou a existência de uma “organização criminosa infiltrada na Abin” e apontou para a existência de uma célula desse grupo envolvida em atividades de contrainteligência de Estado.


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