Áudios capturados pela Polícia Federal, obtidos por “Novojornal”, expõem diálogos do tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, sugerindo um golpe de Estado. Em uma das mensagens, Cid afirma que o plano deveria ser executado “antes do dia 12”, referindo-se à diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, que ocorreu em 12 de dezembro de 2022 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No áudio, Cid destaca: “Dia 12 seria… Teria que ser antes do dia 12, né? Mas com certeza não vai acontecer nada.” Ele também menciona os acampamentos golpistas em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, defendendo que a instituição não poderia “papar mosca de novo”. A referência é às multas aplicadas a caminhões estacionados próximos ao local.

Cid também afirmou que iria conversar com Bolsonaro sobre a urgência do plano, indicando que o ex-presidente hesitava em agir. “Vou conversar com o presidente. O negócio é que ele tem essa personalidade às vezes, né? Ele espera, espera, espera pra ver até onde vai… Só que às vezes o tempo tá curto, né?” disse. O destinatário da mensagem, identificado como general Mario Fernandes, era secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência.

Fernandes foi preso recentemente pela Operação Contragolpe, acusado de elaborar o plano “Punhal verde amarelo”, que incluía o assassinato de Lula, Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Documentos relacionados ao plano foram impressos no Palácio do Planalto por Fernandes. Em 16 de dezembro de 2022, ele fez seis cópias do arquivo, supostamente para distribuição em uma reunião.

No dia seguinte, Fernandes esteve no Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro despachava frequentemente no fim de seu mandato. As investigações da PF apontam conexões diretas entre os diálogos de Cid, as ações de Fernandes e os planos de golpe, reforçando a gravidade das acusações contra os envolvidos.

 

Ouça a seguir a fala de Mauro Cid.

 

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado