Em 1957, coube ao Brasil proteger os palestinos em sua primeira missão de paz na região através do Batalhão Suez, grupo formado por militares brasileiros que ficou em Gaza por dez anos e teve a sua base batizada de Campo Brasil.

O local que serviu de base para o batalhão há quase 70 anos passou a ser alvo de ataques e bombardeios quase diários na Faixa de Gaza. O bairro fica em Rafah, e ao longo de décadas, transformou-se em uma zona residencial da cidade, abrigando os refugiados palestinos.

No entanto, a região foi duramente afetada pelos ataques israelenses, ainda em 2023, e com bombardeios que continuaram em 2024, relata a coluna de Jamil Chade no UOL.

Em outras investidas de Israel em Gaza, como em 2014, alguns dos prédios locais já tinham sido alvos de ataques e foram derrubados. Agora, a destruição é ainda mais significativa, escreve o colunista.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que 34% de todos os edifícios de Gaza foram atingidos pelo conflito, o que representa uma destruição de proporções poucas vezes vistas pela entidade nos últimos anos.

De acordo com dados citados pela Bloomberg, a ofensiva militar israelense no enclave destruiu cerca de US$ 18,5 bilhões (R$ 93,8 bilhões) em infraestrutura, o equivalente a cerca de um ano de produção econômica em Gaza e na Cisjordânia.

O temor da comunidade internacional e dos palestinos é de que Israel promova uma invasão por terra em Rafah, ampliando ainda mais a crise humanitária. Nessa ofensiva, que já está em curso com operações pontuais, uma das vítimas foi justamente o local que representa a primeira ação internacional de tropas brasileiras em operações da ONU.

A missão que contou com o Batalhão Suez, recorda o colunista, foi a primeira da história das Nações Unidas e foi criada em 1956, quando a Assembleia Geral aprovou uma resolução que estabelecia a Força de Emergência das Nações Unidas e um cessar-fogo na Guerra de Suez.

O governo brasileiro manifestou interesse em contribuir com efetivos nacionais. Em 17 de novembro daquele ano, o presidente Juscelino Kubitschek assinou a lei que autorizava a participação brasileira em missões “em cumprimento de obrigações assumidas pelo Brasil como membro de organizações internacionais […]”. Dias depois, o Congresso aprovaria a lei. Estava criado, assim, o Batalhão Suez.

Em fevereiro de 1957, com o desembarque das tropas brasileiras, a UNEF alcançou sua formação completa, com 6.073 militares […] os militares brasileiros trabalharam na desminagem do terreno com o objetivo de assegurar o avanço seguro das tropas da ONU da península de Sinai até a Faixa de Gaza”, escreveu o embaixador brasileiro em Ramallah, Alessandro Candeas, em texto que acompanhava um livro de fotos sobre o grupo e que havia sido entregue para os palestinos em 2022.

Os militares brasileiros passaram a monitorar outros trechos da linha de armistício, tendo sido o país que mais acumulou áreas de vigilância. Mas, em maio de 1967, o Egito retirou o apoio à permanência das forças em seu território, o que resultou no fim da missão de paz.

O Batalhão Suez instalou seu quartel-general, denominado Campo Brasil, em um antigo forte inglês, nas proximidades do Campo de Rafah. Quando a missão terminou, foram os próprios palestinos que impediram que as autoridades locais mudassem o nome da região, escreve a mídia.

Em maio do ano passado, o ministro dos Esportes e da Juventude da Palestina, Jibril Rajoub, rebatizou o estádio al-Khader com o nome de Pelé. O estádio, que fica nas imediações de Belém, foi inaugurado em 2007 com capacidade para abrigar cerca de 6.000 pessoas, conforme noticiado.


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