O brasileiro está lendo menos. De acordo com pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, o número de pessoas que afirmam ter lido pelo menos um trecho de livro – não necessariamente de literatura – caiu quatro pontos percentuais em relação à última pesquisa, passando de 56% para 52%.

O assunto irá percorrer um dos eixos temáticos da Bienal Mineira do Livro, que acontece até o dia 22 de maio, no estacionamento do BH Shopping, na capital mineira. Um dos responsáveis por essa queda são as redes sociais, como apontado pela pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro.

“Quando perguntamos o que está fazendo durante o tempo livre, verificamos uma elevação do tempo nas redes sociais”, destaca Zoara Failla, coordenadora da pesquisa, que ressalta a importância de se criar políticas públicas para a criação de projetos de incentivo à leitura no país.

A falta do hábito de ler se tornou um problema social grave, principalmente após se destrinchar melhor alguns números. A pesquisa mostrou que a leitura espontânea de obras de literatura abrange apenas 18% da população – quando se trata de leitura em geral, a estatística sobe para 31%.

Para Zoara, as feiras podem ter um importante papel para a reversão desses números. “Penso muito nas crianças que tomam ali o seu primeiro contato com o livro. Numa outra pesquisa feita para o Itaú Cultural, constatou-se que, dos 52% que leram algum trecho de livro recentemente, 90% frequentam as feiras”, registra.

Outro fator que necessita de maior atenção são as bibliotecas. Apenas 17% dos brasileiros frequentam esse espaço. “Infelizmente, as nossas bibliotecas são muito fechadas, não fazendo ações para aumentar o contato com o leitor. Além de as pessoas as perceberem como apenas um lugar para se estudar”.

Quase 50% dos estudantes de ensino básico dependem das bibliotecas escolares para acessarem os livros de literatura – no caso das publicações indicadas pelos professores, esse número sobe para 80%. “Cria-se um desafio enorme, especialmente no caso dos alunos que não podem comprar”, alerta.

Um dado assustador citado por Zoara é o fato de que somente 4% das pessoas que responderam à pesquisa do Instituto Pró-Livro disseram que não têm qualquer dificuldade de leitura. “Muitos são analfabetos funcionais, revelando não paciência ou, pior, não conseguindo ler mesmo”, lamenta a coordenadora.