Durante um comício em Goiânia (GO) nesta terça-feira, 24, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de “covarde” pela forma como ele lidou com a pandemia de covid-19. Bolsonaro, aplaudido pelo público ao afirmar que não tomou a vacina contra o coronavírus, criticou duramente governadores que adotaram medidas de isolamento social para conter o vírus.
“Criaram um terror no Brasil. Nós, na pandemia, fizemos o que tinha que ser feito. Fui contra governadores que falavam ‘fiquem em casa, a economia a gente vê depois’. Governador covarde! Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir do vírus”, disse Bolsonaro, sem citar Caiado diretamente. O público, no entanto, respondeu gritando o nome do governador.
Bolsonaro e Caiado romperam durante o primeiro mês da pandemia, em maio de 2020, devido a divergências sobre a condução da crise sanitária. Apesar disso, atualmente os dois seguem como aliados políticos, e Caiado é apontado como um dos possíveis sucessores de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2026, já que o ex-presidente está inelegível até 2030. O governador já expressou sua intenção de concorrer à Presidência, mas compete com outros nomes do cenário político que também buscam herdar o capital político de Bolsonaro.
Nas eleições municipais de Goiânia, no entanto, Bolsonaro e Caiado estão em palanques opostos. Enquanto o governador apoia o ex-deputado Sandro Mabel (União), Bolsonaro manifestou apoio ao ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL), ao lado do deputado federal Gustavo Gayer (PL).
De acordo com a última pesquisa de intenção de voto da Quaest, divulgada em 17 de outubro, o candidato apoiado por Caiado, Sandro Mabel, tem 24% das intenções de voto, tecnicamente empatado com a deputada federal Adriana Accorsi (PT), que possui 22%. Já Fred Rodrigues, candidato de Bolsonaro, aparece com 9%, empatado com o senador Vanderlan Cardoso (PSD), que tem 15%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Durante o comício, Bolsonaro criticou Mabel, referindo-se a ele como “candidato da bolachinha”, em referência ao fato de Mabel ser ex-dono da fábrica de alimentos Mabel. “Tem vários vídeos rodando por aí: o candidato da bolachinha, o candidato da rosquinha, vídeo dele elogiando Dilma Rousseff, dizendo que ela foi uma boa gestora”, disse Bolsonaro. Ele também criticou Dilma pela gestão econômica que resultou em 13 milhões de desempregados.
Ainda no discurso, Bolsonaro insinuou que sua derrota nas eleições presidenciais de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não refletiu a vontade dos eleitores. “Eu acredito, que já que falam que sou o ‘ex mais amado do Brasil’, que esse divórcio não foi o povo quem fez. A verdade brevemente chegará à tona”, afirmou o ex-presidente, sem apresentar provas ou contexto sobre possíveis fraudes no processo eleitoral.