A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), expressou preocupação com a falta de controle sobre o mercado de apostas online no Brasil, conhecido como “bets”, que se popularizou rapidamente no país. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Gleisi afirmou: “Subestimamos os efeitos nocivos e devastadores. É como se tivéssemos aberto as portas do inferno”.
O governo Lula e o Congresso têm trabalhado na regulamentação desse mercado, que foi autorizada em 2018 no governo de Michel Temer, mas sem regras definidas até então. Em 2023, o governo editou uma Medida Provisória para regulamentar as apostas, e a Fazenda estipulou novas normas, visando combater o vício e o endividamento excessivo, com penalidades que incluem multas de até R$ 2 bilhões.
Hoffmann, que é autora de um projeto para proibir propagandas de empresas de apostas, destacou a necessidade de uma avaliação crítica sobre o impacto das bets no país. “Precisamos fazer algo este ano. Temos que reconhecer nossa responsabilidade e agir para mitigar os danos”, afirmou.
Dados do Banco Central mostram que, em agosto de 2023, beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas online via Pix. Além disso, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), 1,3 milhão de brasileiros ficaram inadimplentes no primeiro semestre de 2024 por causa das apostas online.
O senador oposicionista Eduardo Girão (Novo-CE) também criticou a regulamentação das apostas, afirmando que ela facilitou a entrada de facções criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, no setor.
Gleisi concluiu que o problema vai além de determinados grupos sociais e defendeu um estudo abrangente sobre o impacto das apostas na população brasileira. “Não gosto desse tratamento diferenciado para o Bolsa Família porque isso cria preconceitos. Se o Banco Central está fazendo um estudo, deve ser geral”, ressaltou.