O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, afirmou entender que há uma “potencialização da censura” em razão das eleições e que a disseminação de notícias falsas não pode ser punida “por não haver tipificação” de crime. A declaração foi dada durante entrevista na noite desta quarta-feira (19).
“Há uma potencialização da censura, no meu entender, por conta das eleições. O que transparece para a gente, não posso afirmar, é que por parte de alguns do Judiciário há um interesse por um candidato, tanto é que censura, desmonetização, derrubada de página só acontece do nosso lado”, afirmou o chefe do Executivo.
Ontem, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, determinou que o YouTube desmonetize quatro canais de apoiadores do presidente, incluindo o da produtora Brasil Paralelo, por difusão de conteúdos falsos contra Lula. A decisão também intimou Carlos Bolsonaro, filho do presidente, a se manifestar em uma ação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a difusão de fake news.
Durante a entrevista concedida nesta noite, Bolsonaro adotou um tom menos agressivo em relação ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas criticou a Corte e ministros do tribunal, sobretudo Alexandre de Moraes, que comanda o TSE (Tribunal Superiro Eleitoral).
O presidente afirmou que Moraes “julga as coisas de acordo com sua conveniência” e sugeriu que coloquem “limite nele“. “Entendo que a maioria, pensando de acordo com esse dispositivo constitucional, pode chegar no Alexandre de Moraes e botar algum certo limite”.
Qualquer ministro que tome decisões que extrapolem, todo o Supremo paga a conta, é que nem militar, todo mundo paga a conta. A questão de freios é a própria instituição Jair Bolsonaro, presidente, em entrevista nesta quarta.
O presidente também disse que cumpre “mais a Constituição do que muitos ministros do Supremo”.
“Tenho poderes, mas não quero extrapolar porque depois de tomar decisão fora das quatro linhas da Constituição, a segunda, terceira e quarta serão mais fáceis“, afirmou Jair Bolsonaro
Bolsonaro também disse que, se reeleito, pode “conversar reservadamente” com a ministra e presidente do STF, Rosa Weber, que, nas suas palavras, tem “posição ideológica bastante à esquerda”.
“Não podemos ficar mais quatro anos convivendo da forma que passei parte do meu primeiro mandato, não é chorar ou querer benefícios, mas querer cumprimento da Constituição”, afirmou.
Questionado sobre o que fará caso perca as eleições, o presidente indicou que não ficará no Distrito Federal, embora não vá se distanciar da política: “Tem telefone celular, posso participar de vários momentos, posso estar pescando lá em Mambucaba [em Angra dos Reis, onde tem casa de veraneio] e estar conversando com lideranças políticas em Brasília para colaborar no apoiamento ou não de parte da nossa bancada no Parlamento”.
“Não é abandonar e morri, é deixar para as novas lideranças que poderão conduzir nosso processo. Todos nós temos ponto final, prazo de validade e eu não pretendo ser um zumbi aqui em Brasília”, disse Jair Bolsonaro.