O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve em Goiânia no domingo, 27 de outubro, acompanhando a votação de seu aliado Fred Rodrigues (PL), candidato à Prefeitura, que foi derrotado na disputa. Ao lado do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), investigado pela Polícia Federal em operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, Bolsonaro criticou a ação judicial. “Essas ações são sempre em cima da direita, enquanto a esquerda fica intocada. Mas esse tipo de ação já não está colando mais”, afirmou, referindo-se a Moraes: “É sempre ele, sempre o mesmo.”
Bolsonaro voltou a criticar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando que o órgão tem atuado como “um partido político” tanto nas eleições de 2022 quanto nas atuais. Ele também negou a existência de divisões na direita e desconsiderou a influência de Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado à prefeitura de São Paulo, que havia sido associado a uma suposta divisão entre apoiadores conservadores. “A máscara dele caiu. A direita, em grande parte, é composta por pessoas conscientes que sabem o que está em jogo”, disse Bolsonaro. Ele sugeriu que Marçal tentou induzir apoiadores de Bolsonaro a pensarem que havia um alinhamento, mas aconselhou: “Você é inteligente. Use sua inteligência para o bem.”
Durante sua passagem por Goiânia, Bolsonaro declarou que continua observando o desempenho de aliados locais e reafirmou sua oposição ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que apoiou Sandro Mabel na eleição municipal. Bolsonaro desdenhou do “caiadismo” e destacou o alcance nacional de seu próprio movimento político, afirmando que “o Caiado é só aqui em Goiás.” Ele acrescentou que a derrota de Mabel na capital poderia ser “mortal” para as ambições presidenciais de Caiado em 2026.
Por outro lado, o governador Caiado minimizou a presença de Bolsonaro e seu apoio a Fred Rodrigues, comentando que discutiria “esse mimimi depois das 18h”, preferindo concentrar-se na eleição enquanto as urnas estavam abertas.
Bolsonaro cumpriu uma agenda de apoio eleitoral por diversas cidades de Goiás, incluindo Aparecida de Goiânia e Anápolis, onde acompanhou também a votação de Gayer. O deputado é alvo de investigação pela Polícia Federal, que apura suspeitas de desvio de recursos da cota parlamentar.
Além da situação eleitoral, Bolsonaro continua enfrentando diversas investigações. Declarado inelegível pelo TSE até 2030 por conta de alegações infundadas sobre o sistema eleitoral, ele já foi indiciado pela Polícia Federal em casos que envolvem o recebimento de joias e a falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19. Outros inquéritos em andamento investigam possíveis envolvimentos de Bolsonaro em tentativas de golpe de Estado e na abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.
Uma parte dessas apurações integra o inquérito das milícias digitais, conduzido por Moraes, focado na atuação de redes de apoio ao discurso extremista e a ameaças contra a democracia. Caso Bolsonaro seja condenado por crimes como tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático, ele poderá enfrentar uma pena de até 23 anos de prisão, além de uma inelegibilidade que pode ultrapassar 30 anos. Esses fatores elevam a atenção sobre suas aparições e declarações no atual cenário político, especialmente durante as eleições municipais, onde ele busca manter relevância entre seu público conservador.