Cientistas do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG que integram o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Leveduras (INCT Leveduras) descobriram, na Floresta Amazônica, mais uma espécie. Após o sequenciamento genético, os pesquisadores concluíram que se trata de uma nova representante do gênero Saccharomycopsis.
Ela foi capaz de matar as células de outra espécie de levedura, a Saccharomyces cerevisiae, o que revela seu potencial para uso biotecnológico no controle de microrganismos, principalmente na agricultura, como no caso de infecções fúngicas que causam o apodrecimento de laranjas pós-colheita.
De acordo com o professor Carlos Augusto Rosa, coordenador do INCT Leveduras, os cientistas obtiveram três isolados a partir de amostras de solo e madeira em decomposição coletadas em dois locais do bioma Amazônia, especificamente no município de Itacoatiara, localizado no estado do Amazonas, norte do Brasil.
“Após o sequenciamento do genoma completo e testes em laboratório, observamos que a nova espécie era capaz de matar células de Saccharomyces cerevisiae por meio de apêndices de infecção que penetram a célula hospedeira para sugar nutrientes, uma característica comum à maioria das espécies do gênero Saccharomycopsis”, relatou o professor titular do Departamento de Microbiologia do ICB.
Em artigo publicado recentemente no International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, da Microbiology Society, os estudiosos descrevem a nova espécie e relatam sua capacidade de predar células de Saccharomyces cerevisiae.
Alguns do principais benefícios do controle biológico de pragas na agricultura, na comparação com o controle químico, são a redução da exposição dos produtores rurais aos pesticidas, a diminuição do risco de poluição ambiental, de contaminação de alimentos e de desenvolvimento de pragas mais resistentes.