Antes mesmo do castigo das chuvas de janeiro e deste mês, as próximas rodovias federais mineiras que serão alvo de leilão para concessão à iniciativa privada apresentavam estado de conservação deficiente.
Com base na metodologia do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o chamado Índice de Condição da Manutenção (ICM) indica percentual de 50% da BR-262, que liga João Monlevade, na Região Central de Minas Gerais, a Vitória (ES), em boas condições de trafegabilidade e 50% em situação ruim.
A BR-381, via de ligação entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Leste do estado, – desde 2014 sob obras de duplicação –, o ICM indica 44% em boas condições e 56% em condições ruins.
O indicador se refere a dezembro e não leva em conta o fato de as duas estradas contarem com pontos de interdição e desvios precários.
As duas rodovias foram afetadas por cinco erosões engolindo parte das pistas e 19 deslizamentos de encostas, os quais podem bloquear mais uma vez o tráfego.
As duas estradas devem ir a leilão no dia 25, se não houver impugnação do edital de licitação para gestão privada. Não há informações na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre desistências motivadas pelas condições precárias das Brs 262 e 381 e o órgão regulador afirma que há mecanismos no contrato que permitem a restauração da estrada sem prejuízo para as empresas – como retenção de valores devidos pela concessionária para uso emergencial. Vencerá a proposta que ofertar a menor tarifa de pedágio (deságio limitado a 15,57%) e a maior outorga como critério de desempate.
Serão concedidos 686,10 quilômetros. Em 2013, o governo federal tentou leiloar a via, mas não houve interessados. O novo leilão foi remarcado três vezes. Caminhos muito utilizados pelos mineiros para viajar para a Bahia, no caso da BR-381, e o litoral capixaba, pela BR-262, atualmente as vias se tornaram o pesadelo dos condutores e um lucrativo negócio para os borracheiros e mecânicos de beira de estrada.
“Tem dia que atendemos de 15 a 20 motoristas com pneus rasgados e rodas amassadas. Tem gente que até se acidenta”, afirma o borracheiro Fernando de Jesus, de 43 anos, que atende em João Monlevade, última cidade em que nas proximidades as duas rodovias envolvem 110 quilômetros de trechos coincidentes, desde BH, local em que se separam de novo.
Fonte: Dnit