Quando a empresa Starlink, de Elon Musk, começou a fornecer internet de alta velocidade para áreas remotas do Brasil, as Forças Armadas adquiriram antenas para uso em seus quartéis e navios. Recentemente, em meio a um conflito entre Musk e o Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo decisões do ministro Alexandre de Moraes, surgiram questionamentos sobre o impacto dessa relação nas operações militares. Em entrevista à *Folha de São Paulo*, o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, afirmou ter consultado os chefes das Forças Armadas para avaliar eventuais consequências de uma possível suspensão da Starlink no Brasil.

José Mucio declarou que a Starlink tem um papel limitado nas atividades de defesa. Segundo ele, o comandante da Marinha, Almirante Olsen, garantiu que as operações de defesa não seriam afetadas, mesmo que o serviço fosse interrompido. “O Almirante Olsen foi muito claro: ‘Em termos de defesa, isso não nos atinge’. Estamos absolutamente tranquilos”, afirmou o ministro.

Na entrevista, Mucio defendeu a postura do ministro Alexandre de Moraes, que ordenou o bloqueio da plataforma X (antigo Twitter) após descumprimento de ordens judiciais. “A Justiça foi correta em proteger a integridade das nossas leis. Não podemos permitir que nenhuma empresa desrespeite as normas brasileiras. Se outras empresas seguem nossas leis, por que Elon Musk não deveria?”, afirmou Mucio, elogiando a coragem de Moraes em tomar decisões firmes para preservar a soberania brasileira.

O ministro também comentou o andamento de investigações envolvendo militares, tanto nas investigações das joias quanto na tentativa de golpe de Estado. Mucio reforçou que as Forças Armadas desejam o rápido encerramento dessas apurações para esclarecer as suspeitas. “Se houver culpados, eles devem ser punidos. Queremos que isso se resolva logo para acabar com o clima de desconfiança em torno das Forças Armadas”, afirmou o ministro.

Mucio reconheceu que o governo anterior, liderado por Jair Bolsonaro, tinha uma proximidade significativa com militares, o que aumentou as suspeitas sobre a participação das Forças Armadas em questões políticas. Ele destacou que muitos militares estavam no entorno do ex-presidente, mas que isso não significa que a instituição como um todo estivesse envolvida. “É importante distinguir entre os indivíduos e as Forças Armadas. Se alguém cometeu um erro, deve ser investigado e responsabilizado”, comentou.

Reforma da previdência militar

Outro tema discutido na entrevista foi a reforma da previdência dos militares. Mucio afirmou que qualquer mudança deve ser consensual e parte de um esforço mais amplo, envolvendo outros setores do funcionalismo público. “Os militares não são os responsáveis pelas dificuldades financeiras do país. Diferente de outras categorias, eles não têm direito a horas extras, adicional noturno ou insalubridade”, argumentou.

Ele ressaltou que as Forças Armadas estão dispostas a dialogar, mas que a reforma precisa ser justa e não visar apenas os militares. “Não podemos aceitar que os militares sejam o único alvo de uma reforma. É preciso que todos contribuam para um ajuste mais amplo”, acrescentou.

Cortes no orçamento militar

Sobre os recentes cortes no orçamento das Forças Armadas, Mucio reconheceu que, apesar de dolorosos, eles foram necessários devido à situação fiscal do país. Projetos estratégicos, como o programa de submarinos, foram os mais afetados. “Nós cortamos muito. Todos sabem disso. O programa de submarinos foi um dos mais impactados”, comentou.

Apesar das restrições, Mucio garantiu que as Forças Armadas continuam operando de forma eficaz e que o foco permanece em manter os projetos de defesa essenciais para a segurança do país. “Estamos fazendo o possível para garantir que o Brasil continue protegido, mesmo com os desafios financeiros”, concluiu.

 


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