Por Marco Aurelio Carone
Vivemos num momento difícil, onde grupos políticos e econômicos, através das diversas ferramentas disponíveis nas redes sociais, manipulam as informações desinformando e até mesmo criando uma realidade denominada por especialista como, “verdade virtual”, vídeos e outros conteúdos são veiculados e impulsionados.
O grupo que hoje comanda o empreendimento Alphaville, vem lançando mão destas ferramentas para se contrapor ao noticiado por Novojornal, chegando ao ponto de propagar a versão de que estaríamos noticiando para negociar verbas de publicidade.
No mundo real a verdade sempre aparece, como demonstrado pela convocação da Anglo Gold. A este respeito, em 23 de fevereiro deste ano, informamos que a Planta do estudo denominado Dam Break da barragem da Lagoa Grande – Lagoa dos Ingleses, mostrava que a região baixa da rua dos flamboyants, no Condomínio das Flores, no Alphaville foi classificada como ZAS, Zona de Auto Salvamento, ou seja; caso ocorra o rompimento da barragem da Lagoa Grande- Lagoa dos Inglese e consequente inundação, as pessoas não contaram com qualquer ajuda. Seu salvamento depende apenas delas.
Informamos também que o prazo previsto para chegada da onda de inundação é de 01.00 minutos, a partir do rompimento da barragem, e sua altura será de 17 metros, incluindo na planta da mancha de inundação a estação de tratamento de esgoto (ETE) da Samotrácia, concessionária que atende a região.
Relatamos ainda que os moradores do condomínio Residencial das Flores, no Alphaville, estavam preocupados, porque segundo eles, sem qualquer explicação, a mineradora Anglo Gold Ashanti instalará placas alertando para rotas de fuga e pontos de encontro em caso de emergência. Uma das placas informa:
“Se você ouvir uma mensagem de voz e sirene, siga as rotas de fuga até o ponto de encontro mais próximo”.
Consultamos a Associação Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses, se tinha conhecimento do que estava ocorrendo, inclusive sobre as manchas de inundações que motivaram as placas, não obtivemos qualquer outra resposta, numa clara demonstração do pouco interesse da associação pela questão.
Através de matéria do jornal O Tempo, a entidade informou que:
“A Associação Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses informa que solicitou várias vezes que a empresa apresente seu estudo de “Dam Break” na íntegra — o documento é o estudo que mostra os impactos do eventual rompimento da barragem de água da lagoa sobre a região. A AngloGold “tampouco indicou o local de eventual publicação, para conhecimento e melhor compreensão das circunstâncias”.
Em busca de respostas, o Novojornal entrou em contato com a Anglo Gold, que em nota esclareceu;
“a construção da barragem Lagoa Grande, a Lagoa dos Ingleses, finalizada em 1937, 60 anos antes da ocupação do entorno. A existência da barragem no loteamento imobiliário Alphaville Lagoa dos Ingleses sempre foi de conhecimento público dos cidadãos e das autoridades competentes responsáveis pelo licenciamento dos empreendimentos imobiliários”.
“A comprovação formal da finalidade da barragem consta no Regulamento Conjunto do Uso do Espelho D’Água da Lagoa dos Ingleses, assinado, em 1999, pela Anglo Gold Ashanti, a Lagoa dos Ingleses Urbanismo S.A., a Lagoa dos Ingleses Empreendimentos Imobiliários Ltda. e a Associação Alphaville, que reconhece expressamente em seus termos que a Lagoa dos Ingleses é uma lagoa artificial destinada ao uso industrial para geração de energia elétrica para fins de consumo próprio da Anglo Gold Ashanti”.
Caso ocorra o rompimento da barragem Lagoa Grande – Lagoa dos Ingleses, provocará enorme dano, não apenas no Condomínio das Flores no Alphaville, também em outros núcleos residenciais e em toda bacia do Rio das Velhas, o sistema de captação da Copasa em Bela Fama, ficaria coberto por 6 metros de água e que a onda atingiria antes, Rio Acima, Nova Lima e depois Belo Horizonte, Sabará e Vespasiano.
Talvez o que realmente incomodou os empreendedores foi que concluímos a matéria indagando:
Porque ciente do risco que correm os moradores, o empreendedor não os indenizou, para que possam mudar para um local seguro?
A pergunta ainda não foi respondida.