Por Marco Aurélio Carone

Planta do estudo denominado Dam Break, mostra que a região baixa da rua dos flamboyants, no Condomínio das Flores, no Alphaville foi classificada como ZAS, Zona de Auto Salvamento, ou seja; caso ocorra o rompimento da barragem da Lagoa Grande- Lagoa dos Inglese e consequente inundação, as pessoas não contaram com qualquer ajuda. Seu salvamento depende apenas delas.

O prazo previsto para chegada da onda de inundação é de 01.00 minutos, a partir do rompimento da barragem, e sua altura será de 17 metros. Consta ainda incluso na planta da mancha de inundação a estação de tratamento de esgoto (ETE) da Samotrácia, concessionária que atende a região.

O Novojornal vem publicando uma série de matérias, relatando questões no denominado Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Região onde os núcleos residenciais convivem numa relação conflituosa com as mineradoras, o que se imaginava resolvida com regras mais rígidas que passaram a regular o setor de mineração, após o ocorrido em Mariana e Brumadinho.

Estávamos com a pauta das matérias definidas, quando deparamos com um fato novo que chamou a atenção de nossa equipe. Os moradores do condomínio Residencial das Flores, no Alphaville, em Nova Lima, estavam preocupados, porque segundo eles, sem qualquer explicação, a mineradora Anglo Gold Ashanti instalará placas alertando para rotas de fuga e pontos de encontro em caso de emergência.

Uma das placas diz:

“Se você ouvir uma mensagem de voz e sirene, siga as rotas de fuga até o ponto de encontro mais próximo”.

Em função das dúvidas a Anglo Gold soltou nota deixando claro que as placas tinham relação com a barragem Lagoa Grande, conhecida como Lagoa dos Ingleses.

Como na nota é citada a associação, e diante da falta de informação dos moradores, consultamos a Associação Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses, se tinha conhecimento do que estava ocorrendo, inclusive sobre as manchas de inundações que motivaram as placas?

Recebemos como resposta que o assunto seria repassado para o presidente da associação. Após esta informação não obtivemos qualquer outra resposta, numa clara demonstração do pouco interesse da associação pela questão. O que certamente é a origem da desinformação dos moradores.

Corretores que vendem imóveis na região, consultados, informaram que as placas já estão afetando a venda das casas. Possíveis compradores desistem ao ver as placas com alertas de fuga.

Em matéria publicada no jornal O Tempo a associação disse;

“A Associação Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses informa que solicitou várias vezes que a empresa apresente seu estudo de “Dam Break” na íntegra — o documento é o estudo que mostra os impactos do eventual rompimento da barragem de água da lagoa sobre a região. A AngloGold “tampouco indicou o local de eventual publicação, para conhecimento e melhor compreensão das circunstâncias”.

Em busca de respostas, o Novojornal teve acesso ao Dam Break, motivos da colocação das placas, e a Anglo Gold informou ao contrário, indicando que o estudo, encontra-se no site da empresa, conforme determina a lei.

Segundo profissionais da área consultados pelo Novojornal, o estudo de 2021, foi muito bem feito, com amplo detalhamento, constando no mesmo, que cópias foram encaminhadas para diversas prefeituras a exemplo de Nova Lima.

O rompimento da barragem Lagoa Grande- Lagoa dos Ingleses, causara enorme dano, não apenas no Condomínio das Flores no Alphaville, também em outros núcleos residencial e em toda bacia do Rio das Velhas.

Para se ter noção das proporções, o sistema de captação da Copasa em Bela Fama, ficaria coberto por 6 metros de água. A onda atingiria antes, Rio Acima, Nova Lima e depois Belo Horizonte, Sabará e Vespasiano.

Restam algumas perguntas.

Por que a Associação Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses, até o momento não disponibilizou para os moradores o Dam Break?

Porque ciente do risco que correm os moradores, o empreendedor não os indenizou, para que possam mudar para um local seguro?

Estas perguntas deve ser respondida em função da nota da Anglo Gold:

“a construção da barragem Lagoa Grande, a Lagoa dos Ingleses, finalizada em 1937, 60 anos antes da ocupação do entorno. “A existência da barragem no loteamento imobiliário Alphaville Lagoa dos Ingleses sempre foi de conhecimento público dos cidadãos e das autoridades competentes responsáveis pelo licenciamento dos empreendimentos imobiliários”.

“A comprovação formal da finalidade da barragem consta no Regulamento Conjunto do Uso do Espelho D’Água da Lagoa dos Ingleses, assinado, em 1999, pela Anglo Gold Ashanti, a Lagoa dos Ingleses Urbanismo S.A., a Lagoa dos Ingleses Empreendimentos Imobiliários Ltda. e a Associação Alphaville, que reconhece expressamente em seus termos que a Lagoa dos Ingleses é uma lagoa artificial destinada ao uso industrial para geração de energia elétrica para fins de consumo próprio da Anglo Gold Ashanti”.

Nota da Redação: O e-mail foi encaminhado ao presidente do Residencial Flores, que também é o presidente da Associação Geral do Alphaville Lagoa dos Ingleses.

Diante da gravidade do fato, Novojornal disponibiliza abaixo o documento que fundamentou a material:

E-mail encaminhado ao presidente da Associação Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses

Dam Break Lagoa Grande- Lagoa dos Ingleses