O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul anunciou nesta segunda-feira (16) que a primeira audiência do julgamento de impeachment contra o presidente Yoon Suk Yeol será realizada em 27 de dezembro. O anúncio ocorre em meio a investigações criminais contra o presidente, suspenso de suas funções pela Assembleia Nacional, e sob acusações de insurreição relacionadas ao decreto de lei marcial, o que pode resultar em penas severas, incluindo prisão perpétua ou pena de morte.

A corte tem até seis meses para decidir sobre a remoção do presidente, mas, diante da pressão política, espera-se uma decisão mais rápida. Em 2017, o impeachment de Park Geun-hye foi concluído em apenas três meses, e líderes da oposição já pedem celeridade. “Processar rapidamente o impeachment é a única forma de aliviar a agitação nacional e o sofrimento da população”, afirmou Lee Jae-myung, líder do Partido Democrático.

Se o impeachment for confirmado, novas eleições presidenciais deverão ocorrer no prazo de dois meses. Enquanto isso, o primeiro-ministro Han Duck-soo assumiu interinamente a liderança do governo.

Embora a audiência inicial trate de questões processuais e Yoon não seja obrigado a comparecer, ele está sendo convocado para interrogatórios relacionados às acusações de insurreição. Nesta segunda-feira, promotores enviaram uma segunda intimação ao presidente suspenso após ele ignorar a primeira.

A equipe de segurança presidencial recusou-se a aceitar a intimação, enquanto promotores enviaram o documento por correio e planejam convocá-lo para interrogatório na quarta-feira (18). Caso Yoon continue resistindo, promotores poderão solicitar um mandado de prisão.

Para liderar sua defesa, Yoon nomeou o ex-promotor Kim Hong-il, que estará à frente tanto da revisão do impeachment quanto das investigações criminais.

As investigações abrangem outras autoridades envolvidas na tentativa de instaurar a lei marcial, descrita como uma tentativa de autogolpe. No domingo, a polícia prendeu o chefe do Comando de Inteligência de Defesa e seu antecessor. Promotores também solicitaram a prisão do chefe do Comando Especial de Guerra do Exército, Kwak Jong-keun, acusado de enviar tropas ao Parlamento, resultando em confrontos no local.

O decreto de lei marcial de Yoon, justificado como uma resposta às “ameaças comunistas” da Coreia do Norte, gerou caos político e social no país. A agência de notícias estatal norte-coreana, KCNA, criticou Yoon, classificando-o como “líder de uma rebelião”.

O caos político na Coreia do Sul preocupa parceiros internacionais, especialmente diante do retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Durante seu primeiro mandato, Trump teve encontros históricos com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, e há expectativas de que ele volte a desempenhar papel central na dinâmica regional.

Apesar disso, o governo interino tenta tranquilizar mercados e investidores. O ministro das Finanças sul-coreano, o governador do Banco da Coreia e reguladores financeiros se reuniram nesta segunda-feira para monitorar o impacto econômico da crise política.

Nos Estados Unidos, o secretário de Estado, Antony Blinken, elogiou o processo de impeachment, destacando a “resiliência democrática” da Coreia do Sul. O presidente americano, Joe Biden, reafirmou o compromisso com a aliança entre os dois países em uma ligação ao presidente interino Han Duck-soo, chamando a parceria de “eixo de paz e prosperidade na região”.

O impeachment, aprovado no sábado, contou com votos de pelo menos 12 parlamentares do partido de Yoon, o PPP (Partido do Poder do Povo). A deserção gerou crise interna, levando à renúncia de Han Dong-hoo, líder do partido.

Com a audiência de impeachment marcada e as investigações criminais avançando, a Coreia do Sul enfrenta uma de suas maiores crises políticas em décadas, com impactos potenciais tanto no cenário doméstico quanto no equilíbrio geopolítico da região.

Foto: Jung Yeon-je


Avatar

administrator

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *