Há pouco tempo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), buscava minimizar suas diferenças com o presidente Lula (PT). Em fevereiro, quando Lula esteve no estado, ambos trocaram gestos de cordialidade. Nove meses depois, essa aproximação deu lugar a críticas incisivas, alinhadas à possível candidatura presidencial de Zema em 2026.

Somente neste último mês, o governador abriu ao menos quatro frentes de ataque. A primeira ocorreu durante a repactuação de Mariana, quando Zema trocou farpas com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Na sequência, Zema criticou a retomada do Seguro DPVAT, extinto em 2020 e rebatizado como SPVAT, cuja cobrança retornará em 2025 após sanção presidencial. “A volta do DPVAT é um absurdo. Em Minas, sob meu governo, não vamos cobrar isso dos proprietários de veículos”, afirmou Zema à rádio Itatiaia.

Nos últimos dias, Zema recusou convite para um encontro sobre a PEC da Segurança Pública em Brasília, classificando o evento como “discurso político” e cobrando ações concretas do governo federal. Em vídeo, o governador afirmou: “Queremos mais ação e menos debate. Vemos um governo que debate o crime, mas não o combate. Por isso, não fui a Brasília.”

Ainda no dia da reunião, Zema criticou a decisão do STF de anular condenações do ex-ministro José Dirceu, afirmando em suas redes sociais: “O crime compensa no Brasil? José Dirceu, condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, teve suas condenações anuladas. Mais uma decisão que enfraquece a luta contra a impunidade.”

Essas críticas coincidem com a movimentação de Zema para fortalecer sua presença no cenário nacional, onde já sinalizou estar à disposição para um projeto presidencial em 2026. Com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) e a possibilidade de Tarcísio de Freitas (Republicanos) tentar reeleição em São Paulo, Zema desponta como possível nome para compor a chapa da direita. Outros governadores, como Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná), também buscam protagonismo.

A postura combativa de Zema representa uma mudança em relação ao início de seu segundo mandato. Apesar de já ter se aproximado de bolsonaristas em temas como o fim da exigência de caderneta de vacinação nas escolas estaduais, o governador mantinha até então uma relação de altos e baixos com o governo Lula.

Foto: Cristiano Machado / Imprensa MG

 

 


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