Os líderes do G20 chegaram a um consenso sobre a declaração final do encontro realizado no Rio de Janeiro, após intensas negociações que se estenderam até a noite desta segunda-feira (18). O principal impasse estava no parágrafo que trata da Guerra na Ucrânia, marcado por pressões divergentes entre os países europeus e o governo brasileiro.
A União Europeia buscava uma condenação explícita contra os ataques russos, enquanto o Brasil, anfitrião da cúpula, resistia a reabrir o texto previamente acordado para evitar um boicote de Moscou. Após uma longa negociação, os líderes chegaram a um acordo: a declaração condena a guerra na Ucrânia e seus impactos globais na economia e nas cadeias de suprimento, mas não menciona diretamente a Rússia, responsável pela invasão ao território ucraniano.
A mesma estratégia foi aplicada ao parágrafo dedicado ao conflito no Oriente Médio. A declaração expressa “profunda preocupação” com a crise humanitária e a escalada da violência no Líbano, mas evita uma condenação direta aos ataques de Israel. O documento apenas menciona o país ao reafirmar o apoio do G20 à solução de dois Estados, que prevê a coexistência pacífica entre Israel e Palestina, conforme as resoluções das Nações Unidas.
O consenso sobre o texto foi um triunfo diplomático para o Brasil, que conseguiu evitar divisões públicas entre os membros do G20. No entanto, a neutralidade adotada nos parágrafos mais sensíveis reflete o desafio de manter uma posição equilibrada em um cenário de tensões geopolíticas.
A ausência de menções diretas à Rússia e a Israel foi interpretada como um esforço para evitar rupturas e assegurar o alinhamento mínimo entre os países participantes. Esse equilíbrio, no entanto, gerou críticas de setores que esperavam um posicionamento mais enfático do G20 em relação a conflitos que têm impactado diretamente a economia global e as relações internacionais.
Embora limitada em termos de condenação explícita, a declaração final do G20 reafirma o compromisso dos líderes com a busca por soluções diplomáticas para crises internacionais e o respeito às normas estabelecidas pelas Nações Unidas. A mensagem de unidade foi destacada como essencial para mitigar os impactos econômicos e humanitários das guerras em curso.
A postura adotada no encontro do G20 no Rio de Janeiro demonstra a complexidade de se alcançar consenso em um mundo cada vez mais polarizado, onde interesses econômicos e geopolíticos moldam as decisões dos grandes blocos internacionais.
Foto: Ricardo Stuckert/PR