O hacker Walter Delgatti Neto diz, em um áudio obtido pelo site Metrópoles, que havia sido convidado para se reunir com o então presidente Jair Bolsonaro no ano passado para “configurar o código-fonte para dar o resultado que eles querem”.
O que aconteceu
Delgatti afirma que a estratégia é criar instabilidade no funcionamento das urnas. “Eles vão pegar agora uma urna. Eles mesmo vão fazer isso”. A gravação foi divulgada hoje pelo Metrópoles, que afirma que a Polícia Federal e a CPMI no Congresso ainda não tiveram acesso.
O programador, preso após invadir os computadores do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), explica que as investidas tinham como objetivo provocar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a autorizar a fiscalização das urnas por militares, para depois contestar uma possível vitória de Lula (PT).
Um vídeo obtido pelo Metrópoles mostra o hacker, em 9 de agosto, dentro do hotel Phenícia, em Brasília. Ele aparece conversando com um funcionário do local. No dia seguinte, ele se encontraria com Bolsonaro no Palácio do Alvorada após ser levado por um motorista que utilizava um carro com placa fria.
Em outro áudio de 22 de setembro, Delgatti sugere que ele e o ex-presidente se encontraram em várias ocasiões ao contar detalhes sobre a suposta atuação de Bolsonaro na trama golpista. “O Bolsonaro, ele tá fazendo questão que eu vá lá. Aí, teve alguém da equipe que falou: ‘Irmão, é bom ele não vir aqui porque pode queimar’. Ele [Bolsonaro] falou: ‘Quem manda aqui sou eu, e ele vai vir'”. “Ou você acha que o presidente da República estaria correndo esse risco de me receber lá, se não fosse algo que ajudasse muito ele?”, acrescenta o hacker.
Walter Delgatti aparece na gravação reclamando por não receber o mesmo tratamento do grupo ligado a Lula, quando repassou as informações ao site The Intercept Brasil, que culminaram na série de reportagens “Vaza Jato”. “O Lula nunca quis me falar um ‘oi’. […] “O que eu vou fazer atrás de Lula? Eu nunca vou ser de esquerda. Eu sempre gostei de arma.”
Os áudios também sugerem uma relação de proximidade entre o hacker e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Em uma das gravações, Delgatti diz que a parlamentar o tratou “como se fosse um filho”. “A ponto da mãe dela me servir leite com Nescau, na mesa, e acompanhado com ela”. Ele também afirma que jogou video-game com o filho da bolsonarista.