O general da reserva Mário Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro (PL), foi preso nesta terça-feira (19) durante a Operação Contragolpe da Polícia Federal. A ação desarticulou uma quadrilha acusada de planejar o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em dezembro de 2022, com o objetivo de impedir a posse e viabilizar um golpe de Estado.

Mário Fernandes, que também ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral durante a gestão do general Luiz Eduardo Ramos, assumiu interinamente o ministério em meio a mudanças promovidas por Bolsonaro. Após deixar o governo, trabalhou como assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) até março de 2024, quando foi afastado por ordem do ministro Alexandre de Moraes, no contexto das investigações sobre planos golpistas.

A operação prendeu outros suspeitos, incluindo membros do grupo conhecido como “kids pretos”, militares com formação em Forças Especiais do Exército. Entre os detidos estão:

Hélio Ferreira Lima, militar com formação em Forças Especiais;

Rafael Martins de Oliveira, militar com formação em Forças Especiais;

Rodrigo Bezerra de Azevedo, militar com formação em Forças Especiais;

Wladimir Matos Soares, policial federal.

A PF aponta que Mário Fernandes fazia parte de um núcleo de oficiais de alta patente do Exército, junto com ex-ministros como Walter Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), entre outros militares de alto escalão. O grupo teria buscado apoio dentro das Forças Armadas para concretizar o golpe. Todos os envolvidos sempre negaram participação em qualquer conspiração.

Em depoimento à Polícia Federal em fevereiro de 2024, Mário Fernandes optou por permanecer em silêncio, alegando não ter tido acesso completo às informações da investigação. Ele é citado em uma reunião gravada em julho de 2022, conhecida como a “reunião do golpe”, na qual Bolsonaro pressionava ministros contra o TSE e o sistema eleitoral. Na ocasião, Mário Fernandes mencionou a possibilidade de um “novo golpe de 64” e questionou as ações a serem tomadas antes do primeiro turno das eleições.

A Polícia Federal segue investigando o caso, que envolve acusações de planejamento de golpe de Estado, conspiração criminosa e atentado contra o Estado Democrático de Direito.

 

Foto: Eduardo Menezes/Secretaria-Geral da Presidência


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