O plano elaborado por militares e ex-integrantes das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”, para assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), incluía estratégias de envenenamento e uso de componentes químicos para provocar um “colapso orgânico” em Lula. Esses detalhes foram descobertos pela Polícia Federal (PF) na Operação Contragolpe, realizada nesta terça-feira (19).
De acordo com os documentos apreendidos, Lula, que era identificado pelo codinome “Jeca”, seria assassinado no dia 15 de dezembro de 2022, logo após sua diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O plano também previa a execução do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Os detalhes do esquema estavam registrados em conversas de WhatsApp em um grupo chamado “Copa 2022” e em documentos impressos pelo general da reserva Mário Fernandes no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022. Entre os materiais apreendidos, estava o planejamento denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que detalhava a logística, armamentos e estratégias para o golpe.
Mário Fernandes, um dos articuladores do plano, já havia sido alvo da Operação Tempus Veritatis, realizada em fevereiro deste ano, quando foram apreendidos materiais e presos militares envolvidos no esquema. Na ocasião, os presos incluíam o coronel Marcelo Câmara e o major Rafael Martins de Oliveira, também membros das Forças Especiais. A investigação revelou que parte das reuniões para organizar o golpe ocorreu em salões de festas de condomínios em Brasília.
Os envolvidos buscavam apoio militar para o golpe e chegaram a redigir uma carta ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, exortando-o a aderir ao plano. Apesar disso, os principais articuladores, incluindo o coronel Helio Ferreira Lima, foram afastados de funções de comando e transferidos para atividades burocráticas por decisão do STF.
Nesta terça-feira, a PF cumpriu cinco mandados de prisão, três de busca e apreensão, além de 15 medidas cautelares, como entrega de passaportes e suspensão de funções públicas. As diligências ocorreram no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal, com acompanhamento do Exército. O material apreendido segue sendo analisado para avançar nas investigações.
Foto: Isac Nóbrega/Presidência