Os 194 mil estudantes matriculados nas escolas municipais de Belo Horizonte vão ficar sem as refeições oferecidas pela administração pública durante as férias que começaram nesta segunda-feira (18).
Para muitas crianças da capital, além de aprender, a escola também é sinônimo de alimentação regular e balanceada, principalmente quando mais de 100 mil famílias estão em situação de extrema pobreza na cidade.
Júlio Fessô, líder comunitário do Morro do Papagaio, na região Centro-Sul, e integrante do movimento “Eu Amo Minha Quebrada”, explica que, nas comuni
E que, durante as férias, os gastos com alimentação acabam dobrando, devido ao fechamento das escolas. Fessô conta que muitas dessas famílias encontram apoio em projetos sociais. Mas, durante a pandemia, as doações caíram e o número de assistidos também teve que diminuir.
“Aqui no ‘Eu Amo Minha Quebrada’ nós oferecemos vale gás e cesta básica. Já chegamos a ter mais 800 famílias cadastradas, mas hoje temos cerca de 400. E a prioridade para receber o auxílio, são mães solo, que pagam aluguel e têm filhos em fase de alfabetização”, disse.
O grupo de mulheres do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores do Direito, que atua na Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste de BH, também tem sofrido com a queda de doações.
A professora e jornalista comunitária, Valéria Borges Ferreira, conta que a organização tem servido marmitas de café da manhã às terças-feiras e de jantar, às quartas-feiras, mas que, “infelizmente”, não podem distribuir mais do que 200 refeições.
“Nós temos algumas famílias em situações muito precárias. No começo da pandemia nós tínhamos muitas doações, mas elas reduziram bastante, e nós acabamos tendo que dar o nosso jeito”, diz Valéria.
Auxílio Emergencial
No dia 6 de julho, a Prefeitura de Belo Horizonte anunciou que mais de 75 mil famílias podem continuar recebendo o Auxílio BH, mesmo após o pagamento das últimas parcelas da primeira fase do programa.
A continuação do programa será destinada às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza já cadastradas no programa. O projeto de Lei, prevê o pagamento de quatro parcelas de R$ 200, para 61.051 famílias em extrema pobreza – sendo o valor total de R$ 800 -, e quatro parcelas de R$ 100 para 14.196 famílias em situação de pobreza.
Mesmo com a ampliação do benefício, Valéria Borges Ferreira afirma que muitas famílias não conseguiram sequer se cadastrar no programa, mesmo estando dentro dos requisitos colocados pelo executivo. “O auxílio não chega para todo mundo. Algumas pessoas até hoje não receberam respostas e o pedido continua em análise”, conta.
A situação no Morro do Papagaio também é bem parecida com a relatada pela moradora da Prado Lopes. De acordo com Júlio Fessô, mesmo com toda a orientação dos projetos sociais, os moradores quando não conheciam o CadÚnico, programa de cadastramento da PBH. E, devido à superlotação dos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), não conseguem entrar no benefício.
“De certa forma, a pandemia parece que para muitos passou, mas para boa parte da população não. Os índices de desemprego continuam altíssimos e o preço das coisas também”, afirma o líder comunitário Júlio Fessô.
A reportagem do Hoje em Dia, questionou a Prefeitura de Belo Horizonte sobre uma possível abertura das escolas durante o período de férias para oferta de refeições. A administração municipal informou que a alimentação escolar, segundo as diretrizes do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), “como o próprio nome do Programa prevê”, ocorre apenas no “âmbito das escolas e em seu período letivo”.
Procurado, o Governo de Minas também informou que a alimentação escolar não é realizada no recesso, entre os dias 11 e 22 de julho.
Confira como doar:
Movimento Eu Amo Minha Quebrada:
⦁ Pela campanha no site da Benfeitoria
Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores do Direito:
⦁ Cestas básicas: Valéria Borges Ferreira – (31) 9 8516-6425
⦁ PIX: Associação Mineira de Apoio e Garantia de Diretoria – CNPJ: 27.851.493/0001-20