A densa poeira resultante das queimadas está dificultando significativamente o trabalho no Laboratório Nacional de Astrofísica, localizado em Brazópolis, no Sul de Minas. A combinação de fuligem, poeira e o tempo seco formou uma espessa camada que impede a observação adequada do céu, essencial para as pesquisas realizadas no local.
A névoa de poeira é tão intensa que, a olho nu, já não é possível ver algumas cidades da região que antes eram visíveis do alto do observatório. O Observatório Pico dos Dias, parte do Laboratório Nacional de Astrofísica, está situado a 1.864 metros de altitude, entre os municípios de Brazópolis e Piranguçu, o que normalmente garante excelentes condições para a observação astronômica.
“Estamos sendo fortemente impactados pelas queimadas, que prejudicam tanto o ser humano quanto a pesquisa científica e a astronomia. Realizamos rondas 24 horas por dia para identificar possíveis focos de incêndio, já que somos responsáveis por uma área de 427 hectares de fauna e flora preservadas”, afirmou o coordenador do laboratório, Saulo Gargaglioni.
As queimadas também estão interferindo diretamente nas observações astronômicas. “As observações do céu abaixo de um determinado ponto já não são mais possíveis. Podemos observar com telescópios apontados para o alto, mas, em áreas mais baixas, a visibilidade está severamente comprometida”, explicou Gargaglioni.
Além dos prejuízos às pesquisas, a fuligem está aumentando a necessidade de manutenções frequentes nos equipamentos. “Antes, tínhamos um cronograma de manutenção que envolvia limpezas especiais esporádicas. Agora, devido à quantidade de poeira, estamos realizando essas manutenções quase duas vezes por semana”, completou o coordenador.
As condições atuais impõem desafios significativos tanto à pesquisa científica quanto à preservação ambiental, com a equipe do laboratório monitorando constantemente a área para prevenir e combater possíveis focos de incêndio.
Foto: Reprodução EPTV