O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) identificou um aumento expressivo no número de alertas de desmatamento na Amazônia Legal durante o mês de abril, conforme dados divulgados nesta quinta-feira, 8, pelo sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), disponível na plataforma TerraBrasilis. O comparativo com abril de 2024 aponta alta de 55% nos alertas de supressão florestal. Embora o acumulado entre agosto de 2023 e abril de 2024 ainda indique queda de 5% no desmatamento em relação ao mesmo período anterior, o avanço registrado em abril acendeu o alerta nas autoridades ambientais.
“Nós estamos identificando uma possível reversão da curva de queda do desmatamento. Abril chama atenção por ter sido um aumento significativo dentro da série histórica recente. Por isso, realizamos uma reunião da comissão interministerial para analisar os dados em detalhe e convocar todos os órgãos envolvidos. Teremos cerca de duas semanas para organizar e ajustar as medidas, focando nos principais pontos críticos de desmatamento”, afirmou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco. “A meta é que, até 31 de julho, estejamos novamente em trajetória de redução em relação ao ano anterior”, complementou.
De acordo com o Inpe, os estados que lideraram os alertas no mês de abril foram Amazonas, Mato Grosso e Pará. Antes desse salto pontual, o desmatamento entre janeiro e abril vinha caindo de forma lenta, com redução de apenas 1%. Comparado a 2022, no entanto, a queda acumulada chega a 45,7%, o que reforça o compromisso do governo em manter a tendência de queda. “Nosso compromisso é com uma redução duradoura do desmatamento”, declarou a ministra Marina Silva. Ela também ressaltou o envolvimento de 19 ministérios na coordenação de esforços para monitorar e reverter o avanço do desmatamento nas próximas semanas.
O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima, alertou para a importância de acompanhar atentamente os dados em tempo real. “Não queremos esperar o fechamento da taxa anual para descobrir que houve aumento. O Deter nos permite detectar tendências de forma antecipada. Ainda temos um saldo positivo, mas o pico em abril pode ou não se manter. Precisamos agir agora”, explicou.
A situação do Cerrado também preocupa. Em abril, o bioma registrou um aumento de 26% nos alertas de desmatamento em relação ao mesmo mês de 2024. Ainda assim, o acumulado de agosto de 2023 a abril de 2024 indica queda de 25%. No ano passado, o Cerrado teve sua primeira redução em cinco anos, com recuo de 25,7% na taxa anual de desmatamento.
Por outro lado, o Pantanal apresentou dados positivos. Em abril, os alertas de desmatamento caíram 77%, e não foi registrado nenhum foco de incêndio na região, o que sinaliza um momento de estabilidade ambiental no bioma.
Após a reunião da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento, a ministra Marina Silva anunciou a aprovação dos Planos de Prevenção e Controle do Desmatamento da Mata Atlântica e do Pampa. Com isso, todos os biomas brasileiros agora contam com seus respectivos planos de proteção em vigor. Os planos têm como objetivo traçar estratégias específicas para frear a perda de cobertura vegetal e implementar ações coordenadas entre União, estados e municípios.
De acordo com especialistas do Inpe e do MMA, o Deter é uma ferramenta essencial no levantamento de alertas de alteração da cobertura vegetal, especialmente na Amazônia e no Cerrado. Os dados gerados são utilizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e por outros órgãos de fiscalização ambiental para embasar ações de controle e combate ao desmatamento e à degradação florestal.
No entanto, o sistema Deter não tem como objetivo medir com precisão as áreas efetivamente desmatadas. Essa função cabe ao Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), também coordenado pelo Inpe. O Prodes realiza estimativas anuais com base em imagens de satélite, abrangendo o período de agosto de um ano a julho do ano seguinte, o intervalo de maior estiagem nos biomas monitorados.
A atuação conjunta de diversos ministérios e órgãos federais é considerada essencial para garantir a eficácia das ações de controle, em um momento em que os dados indicam a necessidade de respostas rápidas e coordenadas. A meta é manter o Brasil na rota de recuperação ambiental e cumprir os compromissos internacionais de combate à mudança climática e preservação da biodiversidade.
O governo segue mobilizado para que os esforços de contenção dos desmatamentos se reflitam em quedas sustentadas nos índices ao longo de 2024, evitando retrocessos nos avanços conquistados no último ano. O desafio, agora, é transformar os alertas do Deter em ações concretas e eficazes.
Foto Polícia Federal/MS