Nesta quarta-feira, 30 de outubro, o julgamento dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, confessos do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes em 2018, terá início. Sob responsabilidade do 4º Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), o júri popular foi confirmado pelo juiz Gustavo Kalile e pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

Testemunhas do Ministério Público e da defesa de Lessa serão ouvidas, embora o delegado Giniton Lages e o policial civil Marco Antônio de Barros Pinto, inicialmente listados, tenham sido retirados das oitivas por ambas as partes. Para evitar tumultos, o juiz determinou que apenas os envolvidos diretamente no processo estarão no plenário. Lessa e Queiroz participarão por videoconferência, com Lessa detido em Tremembé (SP) e Queiroz em Brasília (DF).

Em delação premiada, Lessa e Queiroz apontaram como mandantes do crime o deputado federal Chiquinho Brazão e seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Ambos negam envolvimento. Chiquinho afirmou ao STF que mantinha boa relação com Marielle e desconhecia Lessa, acusando-o de proteger os verdadeiros mandantes. Domingos Brazão, por sua vez, também negou envolvimento e questionou as acusações, afirmando que Lessa busca proteger outros suspeitos, como o ex-vereador Cristiano Girão, preso por chefiar uma milícia.

O ex-delegado-geral da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, também depôs ao STF. Ele negou qualquer envolvimento e afirmou ter admiração pelo trabalho de Marielle. As investigações da Polícia Federal (PF), concluídas em março deste ano, resultaram em denúncias contra os irmãos Brazão e o ex-chefe de Polícia Civil por obstrução das investigações.

A PF aponta que a Polícia Civil, sob o comando de Barbosa, teria dificultado o caso, omitindo informações cruciais, desaparecendo com provas e negligenciando imagens de segurança do local do crime. Segundo as investigações, o crime teria sido motivado por disputas imobiliárias em áreas controladas por milícias, onde Marielle lutava pelo uso social das terras, confrontando interesses de milicianos e possíveis mandantes, como os irmãos Brazão.

Foto: Mário Vasconcellos/CMRJ

 

 


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