O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou nesta segunda-feira, durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A iniciativa, conduzida pela presidência brasileira do G20, já conta com a adesão de 80 países, nove instituições financeiras globais, 31 ONGs e entidades como a União Europeia e a União Africana. No entanto, a Argentina, liderada pelo ultraliberal Javier Milei, foi o único país do G20 que não aderiu à aliança.

Em seu discurso, Lula enfatizou a importância da união global para enfrentar a fome e a pobreza. “A Aliança nasce no G20, mas seu destino é global. Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir”, declarou o presidente. Ele destacou que o Rio de Janeiro, “a Cidade Maravilhosa”, é um símbolo dos contrastes sociais que caracterizam o Brasil e o mundo, combinando belezas naturais e desigualdades históricas.

A ausência da Argentina reflete tensões entre os governos brasileiro e argentino. Segundo interlocutores de Milei, a decisão de não apoiar a Aliança Global está alinhada com sua política externa antiglobalista e contrária à Agenda 2030 da ONU, que busca combater desigualdades. Além disso, o governo de Milei mantém uma postura crítica em relação ao multilateralismo, associando-se a posições similares às do ex-presidente americano Donald Trump.

Para o Brasil, a ausência argentina na aliança foi recebida sem surpresa. Fontes do governo Lula afirmaram que a decisão isola a Argentina na região e globalmente. Essa postura ocorre em um momento delicado para o país vizinho, que enfrenta forte recessão econômica, inflação alta e um aumento significativo na taxa de pobreza, que chegou a 53% no primeiro semestre de 2024.

Apesar da ausência argentina, a iniciativa proposta pelo Brasil teve ampla adesão, e o número de participantes pode aumentar nos próximos dias. Além de governos, 60 organizações internacionais, bancos de desenvolvimento e fundações filantrópicas estão negociando para aderir ao projeto. O lançamento da Aliança Global é considerado o principal marco da presidência brasileira na cúpula, reforçando o papel do Brasil como protagonista em discussões globais de combate à desigualdade.

Foto: Ludovic Marin/AFP

 


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