Durante uma reunião no Palácio do Planalto com líderes de 19 partidos da base aliada, o presidente Lula garantiu que não vai interferir nas eleições do Congresso, destacando que intervenções desse tipo “sempre dão errado”. A afirmação foi feita na presença de dois pré-candidatos à sucessão do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL): Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antônio Brito (PSD-BA).
Lula enfatizou que Lira tem o direito de escolher seu sucessor, mas ressaltou que ele precisa avaliar se o candidato escolhido é realmente o nome que a Câmara deseja. O presidente relembrou o episódio de 2015, quando a então presidente Dilma Rousseff apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara, mas o plenário escolheu Eduardo Cunha, que se tornou um dos principais opositores de Dilma.
Elmar Nascimento, líder do União Brasil, aproveitou a oportunidade para reafirmar a proximidade com Lira, afirmando que, se não conseguisse convencer Lira de que é o melhor candidato, desistiria da disputa. Apesar dessa declaração, fontes indicam que Elmar mantém sua intenção de seguir na corrida. Ainda nesta semana, Lira planeja discutir com Lula sobre o candidato que considera mais apto para sucedê-lo, levando o nome de Elmar, que enfrenta resistências no Planalto.
Na reunião, Lula também assegurou que não vetará nenhum candidato, seja na Câmara ou no Senado. As eleições para renovar as lideranças das duas Casas estão previstas para fevereiro de 2025. Elmar expressou alívio ao ouvir de Lula que não seria vetado. Outro pré-candidato, Antônio Brito, reafirmou que a decisão final caberá ao plenário da Câmara e que pretende seguir na disputa até o fim. Marcos Pereira (Republicanos-SP), também candidato, não estava presente na reunião.
Durante o encontro, o líder da Maioria na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE), defendeu as emendas parlamentares ao Orçamento. Recentemente, representantes do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) anunciaram um acordo para dar mais transparência na execução dessas emendas. No entanto, ainda há preocupações entre os deputados, principalmente do grupo de Lira, sobre como será feita a distribuição dos recursos das emendas em meio às negociações políticas para a sucessão no Congresso.
No Senado, a situação parece mais tranquila, com a eleição de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para a presidência sendo dada como praticamente certa. Alcolumbre conta com o apoio do atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Embora o destino das emendas tenha sido discutido, o principal foco da reunião foi a necessidade de aproximação do governo com o Congresso, especialmente diante de votações importantes, como a da regulamentação da reforma tributária. Lula destacou que o Planalto não pode ter “nenhuma fissura” com o Congresso e que, após as eleições municipais, todos devem “descer do palanque” e focar no projeto de desenvolvimento do Brasil.
Contudo, as palavras de Lula foram questionadas por André Figueiredo, que apontou o desconforto do PDT com a recente participação do presidente em eventos políticos, especialmente em Fortaleza. A presença de Lula na convenção que oficializou a candidatura de Evandro Leitão (PT) à prefeitura da capital cearense foi vista como uma afronta ao PDT, partido que tenta reeleger o atual prefeito, José Sarto. A situação gerou tensões dentro do PDT, levando Figueiredo a sugerir uma reavaliação da posição do partido na base aliada de Lula.
Após a reunião, Lula chamou Figueiredo para uma conversa particular, na qual explicou que foi pressionado pelo PT do Ceará a participar da convenção, mas reafirmou seu respeito pelo PDT. Os principais nomes do PT no estado incluem o ministro da Educação, Camilo Santana, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE).
Com informações do Estadão