O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que o Brasil não estava totalmente preparado para enfrentar as queimadas que assolam o país. A declaração foi feita durante uma reunião com autoridades dos três Poderes, realizada no Palácio do Planalto, nesta terça-feira (17), onde foram discutidas medidas para combater os incêndios.

Durante o encontro, Lula afirmou: “O dado concreto é que, hoje, no Brasil, a gente não estava 100% preparado para cuidar dessas coisas. As cidades não estão cuidadas; 90% delas estão despreparadas para enfrentar isso”. O presidente também destacou que a crise climática está em seu pior momento.

Lula comentou que apenas alguns Estados possuem infraestrutura adequada, como Defesa Civil e bombeiros, para lidar com emergências causadas pelos incêndios, e que a presença de brigadistas é quase inexistente em grande parte do país.

O presidente também enfatizou que os recentes eventos climáticos são um alerta da natureza. “Ela [a natureza] resolveu nos dar uma lição, dizendo: ‘Ou vocês cuidam corretamente de mim, ou eu não sou obrigada a suportar tanta irresponsabilidade’”, afirmou Lula.

Além disso, ele mencionou que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deve apresentar propostas de combate aos incêndios, que serão transformadas em leis, decretos e medidas provisórias pelo governo. Lula frisou que o governo pretende ouvir diversos setores da sociedade para encontrar soluções que envolvam o Congresso Nacional e o Judiciário, buscando uma resposta definitiva para a crise climática.

Lula também indicou que há “indícios fortes” de que muitos dos incêndios sejam criminosos. “Nos últimos dias, tivemos um agravamento da situação no Brasil. Ainda não podemos afirmar que todos os incêndios são criminosos, mas há fortes indícios”, disse o presidente. Ele citou a seca histórica no Distrito Federal e mencionou que ao sobrevoar o Parque Nacional de Brasília, teve a impressão de que o incêndio havia sido provocado intencionalmente.

Por fim, Lula afirmou que a reunião com as autoridades também serviu como uma oportunidade para revisar o conceito de “questão climática” no Brasil, reforçando que a situação está pior do que em qualquer outro momento.

Entre os participantes da reunião estavam o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), além de ministros como Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça), Marina Silva (Meio Ambiente), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União). Também estiveram presentes o vice-presidente Geraldo Alckmin, a ministra da Saúde Nísia Trindade, o ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira e outras autoridades.