O presidente francês, Emmanuel Macron, reuniu-se nesta segunda-feira com Marine Le Pen, líder da extrema direita, como parte de suas consultas para nomear um novo primeiro-ministro, em meio a quase dois meses de paralisia política. A situação política da França tem estado em um impasse desde julho, quando a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) venceu as eleições, mas sem conquistar a maioria absoluta dos assentos na Assembleia Nacional.

Embora a NFP, composta por socialistas, comunistas, ecologistas e o partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), tenha solicitado a oportunidade de formar o governo, propondo o nome da economista Lucie Castets, de 37 anos, como primeira-ministra, Macron reluta em nomeá-la, considerando que a coalizão não possui maioria suficiente na Assembleia.

Após o encontro no Palácio do Eliseu, Le Pen e Jordan Bardella, outra figura importante da extrema direita, confirmaram que apoiarão uma moção de censura contra um governo formado pela NFP, mesmo que este exclua ministros do LFI. Le Pen também pediu que o Parlamento realize uma sessão extraordinária para que qualquer novo governo seja submetido a um voto de confiança imediatamente.

As eleições antecipadas convocadas por Macron no mês passado não resolveram o impasse, deixando a Assembleia Nacional dividida em três blocos principais: a aliança de esquerda com mais de 190 assentos, os apoiadores de Macron com cerca de 160, e o Reagrupamento Nacional de extrema direita, com 140. Nenhum dos blocos conseguiu atingir a maioria necessária de 289 assentos.

Desde o segundo turno das eleições, a esquerda tem pressionado Macron para que nomeie um de seus membros como primeiro-ministro, argumentando que, como a maior força na Assembleia, eles têm o direito de liderar o governo. No entanto, Macron tem adiado a decisão, mantendo um governo interino em vigor enquanto busca uma figura de consenso que possa sobreviver a um voto de confiança.

O comentarista Guillaume Tabard, do jornal conservador “Le Figaro”, observou que a fraqueza de Macron reside no fato de que ele não conseguiu avançar desde o segundo turno das eleições, ficando dependente da boa vontade dos outros para corrigir seus próprios erros.

As disputas em torno do Orçamento do próximo ano também têm pressionado o processo. O governo interino propôs medidas de contenção de gastos, desaprovadas pela coalizão de esquerda, o que aumenta a urgência de nomear um novo primeiro-ministro.

Macron anunciou neste domingo a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições legislativas, após a vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu. No entanto, ainda não há uma data definida para a nomeação de um novo premier, embora seja esperado que novas consultas sejam realizadas na terça-feira.

Com o primeiro-ministro interino Gabriel Attal no cargo há 41 dias, o recorde desde a Segunda Guerra Mundial, Macron enfrenta o desafio de encontrar uma solução para a crise política que permita a formação de um governo estável.


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