A modernização da Linha 1 do metrô de Belo Horizonte, que conecta as estações Vilarinho, em Venda Nova, a Eldorado, em Contagem, tem causado transtornos diários aos usuários. Com paradas técnicas frequentes e atrasos, os passageiros convivem com a recorrente mensagem “aguardando liberação da via”. Segundo o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), as interrupções são inevitáveis neste momento, mas ele defende agilidade na execução das obras para minimizar os impactos.
“A paralisação dos trilhos está ligada à modernização do sistema de sinalização, essencial para a chegada dos novos trens. As paradas técnicas vão ocorrer, não há como evitar, mas pedimos mais agilidade à Metrô BH para que elas se concentrem em um período mais curto e afetem menos os passageiros ao longo do ano”, explicou Simões.
A previsão é de que as melhorias na Linha 1 sejam concluídas até março de 2026, com a promessa de reduzir o tempo de viagem. No entanto, até lá, o desconforto continua. A assistente administrativa Talita dos Reis Silva, de 28 anos, relata atrasos frequentes que já comprometeram seu horário de trabalho. “Já cheguei atrasada em mais de uma hora por conta dessa liberação de via. E isso em horários de pouco movimento”, contou.
Os problemas se intensificaram na última terça-feira (18), após uma forte chuva em Belo Horizonte. Usuários relataram trens superlotados e longas esperas. A estudante Isabela Freitas, de 25 anos, relatou caos no horário de pico. “Por volta das 17h40, o trem foi cancelado e as pessoas se acumularam para o das 18h. Saiu lotado do Eldorado e foi enchendo ainda mais nas estações Central, Carlos Prates e Lagoinha. No Santa Efigênia já não cabia mais ninguém”, descreveu.
Apesar dos transtornos, Mateus Simões está otimista. Segundo ele, nove das 19 estações da Linha 1 já foram modernizadas, e outras nove estão em obras. “A remodelação está um pouco à frente do cronograma inicial. Estamos caminhando para o fim dessas paradas técnicas”, afirmou.
Além das melhorias na Linha 1, o projeto contempla a construção da Linha 2, que ligará a estação Calafate ao Barreiro. Com 10,5 quilômetros de extensão e sete estações — Nova Suíça, Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre, Ferrugem e Barreiro —, a nova linha promete ampliar a cobertura do transporte metroviário na capital.
Nesta sexta-feira (20), Simões visitou as obras da futura estação Amazonas, no bairro Gameleira. No local, as fases de terraplanagem e fundação já foram concluídas, e os primeiros pré-moldados estão sendo instalados. “Estamos cumprindo o cronograma. Agora não é mais promessa, é realidade. O metrô vai chegar ao Barreiro”, garantiu.
No entanto, o avanço da Linha 2 também enfrenta desafios sociais. Cerca de 300 famílias vivem ao longo do traçado da nova linha e precisam ser reassentadas. Na última segunda-feira (17), cerca de 30 dessas famílias ocuparam o canteiro de obras da Estação Amazonas, cobrando soluções dignas para a remoção. A situação motivou uma mediação coordenada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com participação da Defensoria Pública, da Metrô BH e dos representantes das famílias.
“O governo está acompanhando essa negociação de perto. Esperamos que a Metrô BH avance nas propostas e que as famílias tenham seus direitos respeitados, mas sem atrasar as obras. Essa é uma obra estratégica para toda a cidade”, afirmou o vice-governador.
Mateus Simões defendeu equilíbrio entre os direitos das famílias e o interesse público. “A disposição de invadir uma obra privada precisa ser tratada com seriedade. O Ministério Público está mediando, a Defensoria está presente, e a empresa está disposta a negociar. Invadir é crime. Espero sensatez de todos os lados”, pontuou.
Segundo ele, a importância do projeto supera as disputas pontuais. “Nem 10, nem 20, nem 300 pessoas vão impedir a maior obra de mobilidade urbana em andamento em Belo Horizonte. Nosso compromisso é com os 300 mil cidadãos que serão beneficiados diariamente por esse sistema”, concluiu.
A modernização da Linha 1 e a construção da Linha 2 são parte de um projeto de concessão firmado pelo governo de Minas, que prevê investimentos significativos em infraestrutura de transporte público. A meta é garantir maior eficiência, segurança e conforto aos usuários do metrô, que há anos enfrentam um sistema sobrecarregado e defasado.
Enquanto as obras seguem, os usuários devem continuar enfrentando paradas técnicas e superlotação, mas o governo mineiro promete que os benefícios a longo prazo irão compensar os transtornos temporários.
Dirceu Aurélio / Imprensa MG