Comparada com o desempenho de outros estados ou do Distrito Federal, a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em Minas Gerais não está mal.

De acordo com levantamento apresentado durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quinta-feira (16/11/23), o Estado está na terceira colocação na execução das metas relacionadas aos ODS, atrás apenas do Distrito Federal e de São Paulo.

O lado ruim desse levantamento é que, de acordo com a pontuação de cada um dos entes federados, na verdade todos eles estão mal. O Distrito Federal, que está na primeira colocação, tem uma pontuação de 59,4 em 100. São Paulo vem em segundo, com 55,49, seguido por Minas Gerais com 49,39 pontos. Os dados são de 2023 e foram apresentados pela economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais, Gabriela Martins, durante a reunião da Comissão de Desenvolvimento Econômico da ALMG.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram definidos durante uma conferência da ONU em 2012, na cidade do Rio de Janeiro. São 17 ODS que englobam 168 metas, visando um mundo ambientalmente mais sustentável, mas também socialmente mais justo e economicamente mais próspero.

Em 2017, foi criado no Estado o Movimento Minas 2032, sob a coordenação do jornal Diário do Comércio e do Instituto Orior, com o fim de tornar-se uma comunidade de desenvolvimento conjunto de reflexões e ações efetivas para promover os ODS em empresas e instituições mineiras.

A implementação de tais objetivos hoje vai além de uma preocupação com a construção de um mundo melhor. O envolvimento de uma empresa ou instituição com essas metas e a apresentação de bons indicadores podem conferir vantagens no comércio e nas relações internacionais, facilitando vendas e a construção de uma boa imagem dentro e fora do País.

O assessor institucional do Sistema Ocemg (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais), Geraldo Magela da Silva, chamou atenção para os riscos de um mau desempenho. “Isso traz grandes prejuízos para o nosso desenvolvimento econômico. Muitos importadores de nossos produtos hoje exigem certificações de sustentabilidade. Isso deixou de ser uma coisa simplesmente de romantismo ou de retórica e passou a ser uma necessidade para o desenvolvimento”, afirmou ele.

Saneamento e abastecimento de água são criticados por parlamentares

Autor do requerimento para realização da audiência pública, o deputado Antonio Carlos Arantes (PL) afirmou que o País vai bem em alguns critérios, tais como a energia renovável, mas ele se disse assustado com a situação em outras áreas, tais como educação e saneamento. “Uma cidade como Governador Valadares, que tem 300 mil pessoas, joga o esgoto todinho no Rio Doce. Isso é uma vergonha para o nosso Estado e para o Brasil”, declarou ele.

Vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado Vitório Júnior (PP) citou um caso concreto para mostrar a necessidade de trazer as estatais mineiras Cemig e Copasa para o centro deste debate. “A maior queixa das pessoas em Justinópolis, em Ribeirão das Neves, em um calorão de 40 graus, é a falta de abastecimento de água. As periferias sofrem”, lamentou o parlamentar.

O problema foi reconhecido pelo secretário-executivo da Secretaria de Estado Adjunta de Desenvolvimento Econômico, o deputado Guilherme da Cunha. “Houve um aumento de 20% no consumo de água em Ribeirão das Neves nesses dias de grande calor. isso acabou prejudicando o abastecimento em localidades mais na ponta do sistema ou em regiões mais altas”, afirmou o secretário. Segundo ele, a situação vem sendo corrigida emergencialmente pela Copasa por meio de caminhões-pipa.

Guilherme da Cunha apontou o baixo índice de desemprego em Minas Gerais, de 5,8%, como uma das principais contribuições do governo mineiro para alcançar metas relacionadas à erradicação da pobreza. Ele também lembrou que Minas Gerais é líder nacional na geração de energia solar e pediu o apoio da Assembleia de Minas no financiamento, por meio de emendas parlamentares, a programas que podem favorecer os ODS, tais como o Reurb, programa de regularização fundiária urbana.

O subsecretário de Gestão Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Diogo Soares de Melo Franco, afirmou que o governo mineiro tem, como uma de suas metas, neutralizar as emissões de gases do efeito estufa até 2050 em Minas Gerais.

O diretor do Instituto Orior, Raimundo Soares, afirmou que a maioria das metas relacionadas aos ODS apresentaram retrocesso nos últimos anos e que isso foi resultado não de escassez de recursos financeiros ou de informação, mas de falta de liderança. “O Brasil é o maior produtor de proteína animal do mundo e não faz o menor sentido nós termos 50% da população sob risco alimentar”, criticou.

Já o representante da Federação das Empresas de Transporte de Carga, Luciano Medrado, argumentou que o desenvolvimento econômico deve estar no centro do debate. “Temos que discutir o acesso à riqueza e não discutir a pobreza”, defendeu. O deputado Antônio Carlos Arantes, por sua vez, apontou o cooperativismo como uma das principais ferramentas para viabilizar os ODS.


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